Militares vão «continuar a dar o exemplo ao país» - TVI

Militares vão «continuar a dar o exemplo ao país»

Pina Monteiro [LUSA]

Garantia é do chefe de Estado-Maior do Exército

O Chefe de Estado-Maior do Exército disse esta sexta-feira em Leiria que os militares estão a ser afetados pelos cortes nos vencimentos como todos os cidadãos, mas garantiu que vão «continuar a dar o exemplo ao país».

O general Pina Monteiro sublinhou ainda que existem cortes que apenas afetam os militares, mas que «isso não afeta o espírito do corpo, a disciplina e coesão», assegurando que a sua presença no exercício militar que teve lugar em Leiria foi para dar «apoio moral» às tropas que vão participar numa missão no Kosovo porque, frisou, «o salário moral é o melhor que temos».

A eventual participação de militares em manifestações como a «Que se Lixe a Troika!» ou em reuniões nas quais se discuta o atual estado das Forças Armadas não preocupa o responsável do Exército, de acordo com a Lusa.

«Não temo qualquer manifestação, organização ou evento que envolva militares», uma vez que «o têm feito publicamente, no quadro da lei» e «demonstrando que são um fator de estabilidade, que sabem cumprir missões, sabem estar, sabem ser frontais e leais», salientou o Chefe de Estado-Maior do Exército.

Sobre os cortes anunciados recentemente pelo ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, de um corte superior a 200 milhões de euros nas Forças Armadas, a partir de 2014, bem como a intenção de reduzir o número de efetivos de 38 mil para 30 mil até 2020, o general defendeu que o caminho passa pela adaptação.

«Adequamos as missões aos meios atribuídos e com os recursos disponíveis continuamos a cumprir as missões, algumas delas certamente em patamares mínimos, adequando processos e alterando situações por forma a corresponder à economia de meios», argumentou Pina Monteiro, lembrando que a economia de meios «foi sempre uma preocupação em qualquer planeamento militar».

Membros das Forças Armadas vão reunir-se a 06 de março para debater «descaracterização e desarticulação» dos vários ramos e os anunciados cortes de 218 milhões de euros e de 8.000 efetivos.

«Todos os cenários são possíveis e estão em cima da mesa. Não está posta de parte qualquer outra forma de protesto», disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Sargentos Lima Coelho, uma das três associações militares que convocou o encontro nacional.

Na passada semana, o antigo chefe do Estado-Maior do Exército Loureiro dos Santos, que foi também ministro da Defesa, manifestou, em representação de oficiais-generais e superiores, na reserva e na reforma, dos três ramos militares, «profunda preocupação com o futuro das Forças Armadas, dizendo temer a sua «desarticulação».

Numa nota escrita que leu à imprensa, advertiu para o risco as Forças Armadas ficarem «incapazes de satisfazer as necessidades de defesa do país» e também para a «descaracterização da condição militar».
Continue a ler esta notícia