A arte de Joe Berardo - TVI

A arte de Joe Berardo

José Berardo, de Júlio Pomar (Hugo Beleza)

Museu abriu as portas no CCB com Picasso, Dali e Warhol. «O que antes estava em caixotes passa a estar ao serviço dos portugueses», disse Sócrates. Para o primeiro-ministro, agora «o roteiro da arte contemporânea começa em Lisboa»

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Picasso, Dali, Andy Warhol, Francis Bacon, Duchamp, Max Ernst, Paula Rego. Se a arte contemporânea fosse um campeonato, o Museu Colecção Berardo, inaugurado esta tarde em Lisboa, teria uma equipa de primeira divisão. A década de impasses dissolveu-se num banho de multidão. O primeiro-ministro, José Sócrates, disse que as portas da arte moderna na Europa estão fixadas agora em Lisboa.

«Depois de dez anos de negociações, o senhor primeiro-ministro e a senhora ministra [da Cultura, Isabel Pires de Lima] conseguiram levar esta negociação em frente, para que a colecção ficasse em Portugal, depois de tanta especulação», disse Joe Berardo, confessando-se «extremamente emocionado», numa cerimónia em que esteve presente «toda a família».

«Hoje, com excepção do dia em que me casei, talvez seja o dia mais feliz da minha vida», afirmou o empresário, no corredor que dá acesso à exposição, sedeado no Centro Cultural de Belém (CCB), perante algumas centenas de pessoas.

«Um factor de desenvolvimento económico»

A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, descreveu esta como a «inauguração de um museu de nível e prestígio internacional, detentor de um acervo de excepcional qualidade».

«Contribuirá de forma significativa para reafirmar a capital portuguesa no roteiro turístico das cidades a visitar, a pretexto do seu equipamento cultural, seguindo o caso do que aconteceu em Valência e em Bilbao, para citar o caso da vizinha Espanha», afirmou Isabel Pires de Lima.

Para a governante, a arte pode funcionar, por esta razão, como «um factor de apetência turística e de desenvolvimento económico». Mas sempre com a tónica no valor cultural que esta colecção assume por si mesma.

«Citando o cineasta Win Wenders: "A realidade é que ninguém ama um país pela sua economia, por mais forte e estável que ela seja, mas pela sua cultura"», defendeu.

Sócrates: «Uma colecção única no país»

Ao todo, a colecção reúne 862 pinturas, fotografias, esculturas e instalações, assinadas por alguns dos nomes maiores da arte do século XX e início do século XXI. A casa de leilões Christie`s avaliou este acervo em 316 milhões de euros. «Portugal passará a dispor de um museu com uma colecção de arte contemporânea que é única no país e que seguramente figurará nos roteiros da arte contemporânea internacional», apontou o primeiro-ministro na sua intervenção.

«O que antes estava em caixotes passa a estar ao serviço dos portugueses, ao serviço de Lisboa e ao serviço do país», acrescentou ainda, argumentando que o museu é fruto de «uma visão comum». «Desde logo a visão de alguém que quer pôs ao serviço do seu país o seu legado (...) e por outro lado também a visão do Estado que, não tendo criado uma colecção de arte contemporânea, tinha como dever criar condições para que esta colecção, que existe em Portugal, possa ser usufruída por todos os portugueses»

Porém, para José Sócrates, serão os visitantes que a avaliarão. «Esses terão a última palavra e serão os juízes daquilo que fizemos», sublinhou. «Antes, o roteiro da arte contemporânea terminava em Madrid. A partir de hoje o roteiro da arte contemporânea começa aqui».
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