Membro do «gangue de Valbom» diz-se julgado duas vezes pelo mesmo - TVI

Membro do «gangue de Valbom» diz-se julgado duas vezes pelo mesmo

Suspeito de violar turista italiana «fugiu»

Arguido já foi condenado pela tentativa de homicídio de um inspetor da PJ e cumpre pena superior a 14 anos de cadeia

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A defesa de um membro do chamado «gangue de Valbom» queixou-se, nesta quarta-feira, nas Varas Criminais do Porto, de que o seu cliente é incriminado duas vezes pelos mesmos factos, numa alusão ao homicídio tentado do inspetor da PJ Carlos Castro.

O homicídio tentado do inspetor, ocorrido em 2008, na Maia, integrava a acusação do processo original do «gangue de Valbom», dele tendo sido retirado num despacho saneador da 4ª Vara Criminal, já em 2010. Do despacho resultou que, nesse mesmo ano, apenas foi julgado o crime de roubo do automóvel do polícia, pelo método de «carjaking».

Hoje, perante a 2ª Vara Criminal, no início do julgamento dos factos retirados do anterior processo, em que consta também a alegada tentativa de matar o inspetor, a defesa do arguido Fábio argumentou que o Ministério Público descrevia exatamente os mesmos factos para uma imputação diferente.

«O Fábio já foi condenado e cumpre pena [superior a 14 anos de cadeia]. Não deve ser julgado neste processo, pelo menos quanto ao homicídio na forma tentada», sublinhou a advogada Poliana Pinto Ribeiro, num requerimento que ainda não mereceu despacho do coletivo de juízes.

O inspetor baleado confirmou hoje ao tribunal que um encapuzado o atingiu a tiro de «shotgun», em 16 de abril de 2008, quando chegava a casa, na viatura pessoal, com os seus dois filhos menores. Ficou ferido no rosto, no pescoço e numa mão, tendo sido submetido a diversas cirurgias estéticas.

Num reconhecimento posteriormente efetuado na própria PJ, também com pessoas encapuzadas, incluindo o principal suspeito, Carlos Castro associou o autor do disparo a uma pessoa que, ao caminhar, fazia um movimento «sui generis» de calcanhar.

A acusação valorizou esse reconhecimento e atribuiu um crime de homicídio tentado a Fábio.

Para baralhar o processo, soube-se hoje no tribunal que outro arguido, a quem não era imputado qualquer envolvimento no caso do inspetor, foi depor à PJ, já depois de encerrado o inquérito, para assumir a tentativa de homicídio.

Além do homicídio tentado do inspetor, o processo agora em julgamento, com um total de 11 arguidos (um 12º morreu entretanto), reporta-se a diversos episódios violentos ocorridos em 2008, nomeadamente assaltos a ourives, alguns dos quais descreveram hoje ao tribunal a forma com foram atacados.

Nenhum dos arguidos quis falar agora. Alguns admitem fazê-lo mais tarde.

O «gangue de Valbom» tem o nome associado a uma localidade do concelho de Gondomar e foi desarticulado na «Operação Charlie», realizada por 150 elementos da PJ, em setembro de 2008.

O julgamento prossegue dia 19.
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