Autarca e bancários burlaram clientes de banco em mais de 1,6 milhões de euros - TVI

Autarca e bancários burlaram clientes de banco em mais de 1,6 milhões de euros

  • BM
  • 6 jun 2019, 09:30

Quatro detidos em Viana do Castelo, com idades entre os 37 e os 55 anos, por suspeitas de crimes de burla qualificada, associação criminosa, falsificação de documentos e abuso de confiança

Quatro pessoas foram detidas na quarta-feira no distrito de Viana do Castelo por suspeitas de autoria de crimes de burla qualificada, associação criminosa, falsificação de documentos e abuso de confiança, anunciou a Polícia Judiciária (PJ).

Os detidos, com idades entre os 37 e os 55 anos, são todos promotores bancários, sendo que um dos arguidos, Ricardo Monteiro Pimenta, é também presidente da Junta de Freguesia da Ribeira, concelho de Ponte de Lima, e outro preside à direção da Associação Empresarial de Ponte de Lima.

Em comunicado, a PJ adianta que os suspeitos desenvolveram durante anos, na zona do distrito de Viana do Castelo, “atividade de promoção bancária, a coberto da qual terão praticado os crimes”.

Na sequência dos crimes, foram prejudicados cerca de 80 clientes do banco, em prejuízos que ascendem a mais de um milhão e seiscentos mil euros.

Segundo António Gomes, coordenador da PJ de Braga, até ao momento já foram identificadas oito vítimas.

Mas o número de lesados pode atingir os 80”, referiu o responsável, em conferência de imprensa, aludindo à consequente “multiplicação” dos prejuízos.

Os arguidos angariavam clientes para o Deutsche Bank. Prometiam-lhes investimentos seguros e de risco baixo ou nulo, com juros “muito elevados”, mas acabavam por investir o dinheiro em produtos financeiros de “elevadíssimo risco”.

Muitas vezes recebiam dos clientes “dinheiro vivo”, apesar de, como promotores bancários, estarem proibidos de o fazerem.

As vítimas eram, por norma, idosos e pessoas de baixa escolaridade, incluindo iletrados.

Os arguidos emitiam documentos com os logotipos do banco, em que faziam constar que o dinheiro estava investido no que havia sido acordado com os clientes.

A atividade criminosa decorreria desde 2008, mas, entretanto, alguns lesados apresentaram queixa no Ministério Público, originando uma investigação pela PJ que começou há oito meses.

Os arguidos foram detidos na quarta-feira, na sequência de 13 buscas e no cumprimento de mandados de detenção emitidos pelo Ministério Público de Viana do Castelo.

Nas buscas, foram apreendidas seis viaturas de gama alta, dinheiro e prova documental e digital.

Os suspeitos vão hoje ser apresentados no Tribunal Judicial de Viana do Castelo, para primeiro interrogatório judicial e aplicação das respetivas medidas de coação.

A PJ prossegue, entretanto, com a investigação, nomeadamente para identificar o destino dado pelos arguidos ao dinheiro.

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