Crianças são as mais afetadas pelo aumento da pobreza - TVI

Crianças são as mais afetadas pelo aumento da pobreza

Dados divulgados pelo INE revelam que a intensidade da pobreza na população infantil é superior ao da população em geral

As crianças têm sido as mais afetadas pelo aumento da pobreza ou exclusão social, segundo os dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), esta quinta-feira. A intensidade da pobreza para este grupo aumentou 6,2 pontos percentuais em 2012, face ao ano anterior.

Os dados divulgados resultam do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2013, sobre rendimentos de 2012, e surgem na véspera do Dia Internacional da Erradicação da Pobreza (17 de outubro).

Mais de um quarto da população portuguesa encontrava-se em privação material em 2013, segundo o INE, ou seja, não tinha acesso a pelo menos três itens de uma lista de nove relacionados com necessidades económicas e bens duráveis. 

Fazem parte dessa lista itens como atrasos no pagamento de rendas, empréstimos ou despesas correntes da casa, não conseguir comer uma refeição de carne e peixe de dois em dois dias, não ter carro, televisão ou máquina de lavar roupa e não conseguir fazer face ao pagamento de uma despesa inesperada.

A taxa de intensidade da pobreza, que mede em termos percentuais a insuficiência de recursos da população em risco de pobreza, foi de 27,4%, em 2012, registando-se um agravamento de 3,3 pontos percentuais face a 2011. Um valor que reflete um agravamento considerável do distanciamento para a média na UE27, que tem registado valores estáveis, entre 23,4% em 2009 e 23,8% em 2012. 

No caso da intensidade da pobreza para a população infantil, esta foi superior em 5,7 pontos percentuais à verificada para o total da população, tendo registado um aumento de 6,2 pontos percentuais comparativamente a 2011 (33,1% e 26,9%, respetivamente) e de 8,3 pontos percentuais relativamente a 2009.

Os resultados concluem ainda que 10,4% da população portuguesa encontrava-se numa situação de pobreza consistente, isto é, encontrava-se simultaneamente em risco de pobreza e em privação material. Este é um valor que contraria a tendência de ligeira descida dos três anos anteriores (8,5% em 2010, 8,3% em 2011 e 8,2% em 2012).

A pobreza consistente acentua-se no caso das crianças: 15% dos menores encontrava-se nesta situação, de acordo com os dados. 

O risco de pobreza das famílias com crianças dependentes também se agravou, aumentando de 19,1% em 2009 para 22,2% em 2012. Já no caso das famílias sem crianças dependentes, a situação verifica «uma ligeira melhoria», diminuindo de 16,5% em 2009 para 15,0% em 2012.

«Em Portugal, tal como na UE27, os agregados com crianças dependentes mais afetados pelo risco de pobreza têm sido, consistentemente, os agregados compostos por dois adultos com três ou mais crianças e por um adulto com, pelo menos, uma criança dependente», refere o relatório.

A situação em termos de risco de pobreza destes agregados em Portugal, em 2012, foi estimada em 33,1% para as famílias constituídas por um adulto com, pelo menos, uma criança dependente e em 40,4% quando constituídos por dois adultos com três ou mais crianças.

Na UE27, o risco de pobreza dos agregados constituídos por dois adultos com três ou mais crianças e por um adulto com pelo menos uma criança dependente são inferiores às registadas em Portugal: 26,8% e 31,8%, respetivamente.



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