Família recebe casa construída por voluntários - TVI

Família recebe casa construída por voluntários

Chaves de casa

Iniciativa partiu da associação Habitat for Humanity. Casa fica para a família a preço de custo

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Uma família de Braga recebe, esta sexta-feira, uma casa ao preço de custo, erguida por voluntários de vários países em 65 dias e descrita por um dos membros do agregado como «motivação para um recomeço de vida».

Emanuel Rocha e Sónia Soares, ambos com 31 anos e pais de dois gémeos de quatro, enfrentavam uma situação precária: ele no ofício de bate-chapa e ela costureira por conta de outrem, a braços com a renda e outras despesas de uma casa, além dos gastos inerentes às crianças.

«Tinha uma pequena oficina a funcionar em casa mas muitos clientes ficaram a dever e a minha esposa também começou a ter menos trabalho...», contou à agência Lusa quando faltavam menos de 24 horas para receber a nova casa, erguida no mesmo local que a antiga - na Freguesia da Palmeira, Concelho de Braga - mas bastante maior.

«A moradia anterior, exígua e onde chovia dentro, tinha uma sala, um quarto e uma casa de banho em estado lastimável, enquanto a nova, com 99 metros quadrados, tem três quartos, uma pequena sala, cozinha e casa de banho», descreveu João Cruz, coordenador dos voluntários da delegação portuguesa da Habitat for Humanity (traduzível como Habitat para a Humanidade), entidade responsável pela construção.

Voluntários pagaram próprias despesas

A Habitat for Humanity é uma organização internacional fundada por Millard Fuller (1935-2009) nos EUA e que já construiu mais de 300 mil casas em vários pontos do mundo, alojando para cima de um milhão de pessoas.

A casa vai ser entregue pelas 16:00 na presença de alguns dos 85 voluntários - canadianos, norte-americanos, franceses, coreanos, chineses, africanos, entre outros - que, desde 3 de Novembro de 2008, se dedicaram a pô-la de pé, obedecendo a um planta da Câmara Municipal de Braga.

«Os voluntários pagaram as despesas da sua deslocação e trouxeram um donativo em dinheiro que permitiu avançar para a compra dos materiais de construção», explicou João Cruz, de 31 anos, à Lusa, acrescentando que a associação vai erguer de raiz outras duas casas ainda este ano, «ambas em Vila Verde, uma das quais começa a ser feita já em Maio», estando ainda previstas obras em duas ou três outras, uma das quais em Amarante.

Associação já construiu 20 casas

Até ao momento, a associação - que existe em Portugal desde 1996 e tem a sua sede em Braga, deu prioridade à zona Norte - construindo 20 habitações e realizando remodelações em mais uma dezena de casas.

«Na fase de construção propriamente dita, a mão-de-obra é exclusivamente voluntária e gratuita mas depois é necessário pagar a profissionais especializados como canalizadores ou electricistas», contou João Cruz, formado em Relações Internacionais e que entrou para a organização em 2003, como voluntário.

Assim, quem adquire a habitação paga apenas o trabalho especializado e as matérias-primas, «pelo que a casa fica praticamente ao preço de custo», afirmou o coordenador, indicando como outras mais-valias o facto de a Habitat for Humanity permitir «um pagamento faseado ao longo de 25 anos sem juros».

No caso de Emanuel Rocha e Sónia Soares, que vão contar com uma comparticipação da Caritas, a casa ficou em cerca de 30 mil euros, que a família vai pagar ao longo de duas décadas, quando, «em Braga, uma casa equivalente custaria, pelo menos, 65 mil euros», de acordo com João Cruz.
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