Os pobres já não são os mesmos - TVI

Os pobres já não são os mesmos

Um estudo revelado neste Dia dos Direitos do Homem mostra que portugueses já não relacionam só os doentes e os deficientes com a pobreza. Em primeiro estão os desempregados

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A percepção que os portugueses têm sobre os grupos mais vulneráveis à pobreza mudou em cinco anos: em vez dos doentes ou deficientes, hoje em dia são as relações laborais que parecem definir as situações de risco.

Conclusões de um estudo divulgado esta sexta-feira, Dia Internacional dos Direitos Humanos, e quando estamos a chegar ao fim do Ano Europeu de Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social.

Em 2004, os portugueses consideravam que os grupos mais vulneráveis à pobreza eram as pessoas com deficiência, os doentes crónicos, as famílias numerosas e os grupos de risco, como toxicodependentes e alcoólicos. Hoje, os «mais vulneráveis» são os jovens à procura de primeiro emprego, os empregados com salários baixos e os trabalhadores precários, revelou a investigadora, Raquel Rego.

O estudo alerta que o entendimento actual sobre a pobreza pode deixar no esquecimento os pobres de ontem: «Esta crise veio em primeira instância piorar a situação de quem precisamente já vivia em situação de pobreza».

Ana Monteiro, da Amnistia Internacional, chama ainda a atenção para outra conclusão do estudo: o pessimismo dos portugueses, já que 75 por cento dos inquiridos consideram que a situação de pobreza piorou nos últimos cinco anos e metade das pessoas acredita que vai continuar a agravar-se.

Os portugueses também não vêem saída para quem está na pobreza. Nota-se um certo «fatalismo» nas respostas dos inquiridos, com 77 por cento a não crerem numa mudança e 61 por cento a acharem que os filhos de pessoas em situação de pobreza também não serão capazes de quebrar esse ciclo.

Os investigadores perceberam ainda que os portugueses não conseguem distinguir as situações de pobreza com a pobreza extrema e miséria. «Os inquiridos apontam apenas como pobres aqueles que vivem numa pobreza absoluta, na ausência total de condições mínimas de sobrevivência», alertou outro dos investigadores, Sérgio Novais.

O estudo, a que a Lusa teve acesso, foi efectuado pela Rede Europeia Anti-Pobreza (REAP), Aministia Internacional-Portugal (AIP) e Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações, do Instituto Superior de Economia e Gestão-Universidade Técnica de Lisboa (SOCIUS/ISEG-UTL).
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