Um jovem hacker português, de 19 anos, que se intitula de Zambrius e em abril passado atacou a EDP e a Altice, estava em prisão domiciliária por crimes no nosso país quando no último dia 15 lançou, a partir de casa, um ataque informático ao Tribunal Superior Eleitoral do Brasil. Acabou agora novamente detido pela unidade de combate ao cibercrime da Polícia Judiciária, sabe a TVI.
Decorriam eleições municipais naquele país, atacadas pelo pirata informático português que entretanto conversou por e-mail com o jornal Estado de São Paulo. “Fiz tudo sozinho, por telemóvel. Estou sem computador. Se tivesse computador o ataque teria tido um impacto muito maior”, disse Zambrius, suspeito de ligações no Brasil a grupos radicais considerados bolsonaristas. São apelidados de “milícias digitais”, que procuram desacreditar as instituições do Estado. Zambrius, com cúmplices brasileiros, atacou o site do tribunal eleitoral, sem que com isso, no entanto, tivesse conseguido prejudicar o processo eleitoral. Diz ter agido por diversão, pelo desafio.
É líder do grupo CyberTeam, que diz ter acesso a 80 por cento dos sites em Portugal. Já atacou a Presidência da República, a PGR, clubes de futebol e a Associação de Árbitros. Além da Altice e da EDP, crimes que lhe valeram a colocação em prisão domiciliária. Reincidiu agora, voltou a ser detido pela PJ e será presente a tribunal. No Brasil, foram detidos outros três hackers cúmplices de Zambrius.
Os detidos faziam parte de diferentes redes criminosas, agora afetadas por esta operação policial, e atuavam concertada e transnacionalmente, atacando funções de Estado, infraestruturas críticas e interesses económicos diversos", afirma a Polícia Judiciária.
Da cooperação entre as autoridades, foram apreendidos meios informáticos e recolhida informação pertinente.
A Polícia Judiciária prossegue as investigações para deteção e identificação de outros responsáveis nestas operações.
O detido português vai ser presente às autoridades judiciais para efeitos de primeiro interrogatório judicial, para efeitos de aplicação de medida de coação", conclui a polícia portuguesa.
Em comunicado, a Polícia Federal brasileira, por seu lado, confirmou a realização da ação, chamada Operação Exploit, "que teve como objetivo desarticular a associação criminosa que teria promovido os ataques hackers ao TSE", na primeira volta das autárquicas realizadas no Brasil.
Segundo as autoridades brasileiras, foram cumpridos no país três mandados de busca e apreensão e três medidas cautelares de proibição de contacto entre investigados nos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Além disso, em Portugal, são cumpridos um mandado de prisão e um mandado de busca e apreensão", acrescentou o comunicado.
Segundo a Polícia brasileira, o inquérito aponta que um grupo de 'hackers' brasileiros e portugueses, liderados por um cidadão português, responsável pelos ataques criminosos aos sistemas do TSE na primeira volta das autárquicas.
A Polícia Federal apura o acesso ilegal aos dados de servidores públicos divulgados no dia 15/11, além de outras atividades criminosas do grupo", diz o comunicado da força brasileira.
Os crimes investigados neste inquérito policial são os de invasão de dispositivo informático e de associação criminosa.
A Polícia Federal do Brasil também frisou que durante as investigações "não foram identificados quaisquer elementos que possam ter prejudicado a apuração, a segurança ou a integridade dos resultados da votação".