Ambiente calmo na Amadora depois dos tiros

O ambiente no Bairro de Santa Filomena, na Amadora, Tonde os dois polícias foram baleados, era aparentemente calmo durante a manha desta segunda-feira. Jovens «mirones» controlavam as entradas no bairro e comunicavam por telemóvel a presença de estranhos.

«Quem assalta são os jovens malandros, os que não querem trabalhar e essa, infelizmente, é a vida deles» desabafou «João» (nome fictício por temer represálias) no café Santo António, à entrada do Bairro de Santa Filomena.

«João», que mostrou receio de falar aos jornalistas mesmo sem policia á vista, afirmou que «antes havia respeito pelos mais velhos, agora já não podemos fazer nada, eles assaltam nos semáforos, no centro, em todo o lado».

«Vocês vêm para aqui mas não sabem o que dizem, há assaltos todos os dias, esperam-nos para assaltar, quando recebemos o ordenado e vamos para casa, ficamos sem o dinheiro», desabafou «João» referindo-se aos jornalistas, acusando que «só aparecem agora, porque os polícias levaram os tiros».

Para «João», «alguns dos jovens que se dedicam ao crime já foram presos várias vezes, mas o tribunal solta-os logo a seguir». No entanto, se «nós [os mais velhos] fazemos alguma coisa temos dois problemas, com a família deles e com a polícia», refere.

«Nós, os velhos, só queremos trabalhar», justifica «João», mostrando-se «farto da porcaria que eles fazem».

No café Santo António, no Bairro de Santa Filomena, o assunto do dia é «o assalto ao vendedor de ouro e os disparos à polícia», assim como as consequências que «vão trazer para o Bairro».

«O Catarino e o Luciano já vendem ouro a prestações no Bairro há mais de 30 anos e até ontem, nunca houve problemas. Compramos e pagamos às prestações à medida das nossas possibilidades», adianta «João».

«Os bandidos lá lhes deu o cheiro ao dinheiro e assaltaram o homem», tenta explicar «João».