"Hoje foi dado o primeiro passo para o que julgamos ser o necessário para que a suinicultura portuguesa ganhe sustentabilidade. Não houve condições para fazer o encosto ao preço de Lérida, Espanha, mas sai daqui uma subida de cinco cêntimos do preço", disse João Correia, um dos promotores do movimento de suinicultores que desde o início de dezembro tem protestado contra o baixo preço pago aos produtores pela carne de porco.
O concelho do Montijo recebeu hoje a primeira Bolsa do Porco do ano de 2016, que se realiza todas as quintas-feiras, e indica o valor da carne do porco em Portugal a cada semana, estando à mesa das cotações representantes das associações de suinicultores e dos industriais de carnes.
"Acredito que dentro duas ou três semanas os suinicultores portugueses possam receber o preço que se recebe em Espanha. Entendemos que começam a existir condições para que preço ao produtor nacional possa ser o mesmo do produtor de Espanha", explicou.
João Correia acrescentou que a Bolsa do Porco ainda não definiu esta semana um valor indicativo do preço ao quilo da carne de porco, como acontece em Espanha e que é atualmente ligeiramente superior a 1,23 euros, mas acredita que em breve pode ser concretizado.
"Acreditamos que em duas semanas não vamos ter uma tendência mas sim um preço indicativo em Bolsa. Agora o mercado tem a indicação de uma subida do preço de cinco cêntimos e cada um vai fazer o melhor negócio possível", explicou.
Vítor Menino, presidente da Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores, referiu que a primeira sessão da Bolsa do Porco deste ano permitiu "uma redução do diferencial com Espanha em cinco cêntimos".
"Esperamos nas próximas semanas encostar a Espanha, desde que os compromissos sejam cumpridos. Estes cinco cêntimos são migalhas que são essenciais para nós e queremos que os produtores portugueses recebam o mesmo que os espanhóis e para isso precisamos que suba mais 10 ou 15 cêntimos", afirmou.
O responsável destacou também o acordo com a cadeia de hipermercados Continente para a transação de 10 mil porcos.
"São 10 mil porcos para serem abatidos nas próximas duas semanas, pena não existirem mais cadeias a pretenderem o mesmo, porque precisamos todos uns dos outros. O negócio foi feito a uma média de 1,20 euros por quilo", concluiu.