O diretor Polícia Judiciária (PJ) do Norte, Norberto Martins, revelou hoje que quatro crianças, com idades entre um e sete anos, foram vendidas por um casal do Grande Porto a cidadãos europeus, entre os quais se encontram portugueses.
A polícia está convencida de que as crianças eram geradas com o objetivo de serem vendidas", disse o diretor durante uma conferência de imprensa da PJ do Norte.
Cada criança custava mais de 20 mil euros.
Segundo a PJ, os bebés em causa nasceram todos em Portugal e foram registados em Portugal, mas depois os assentos de nascimento das crianças terão sido falsificados.
Segundo Norberto Martins, a investigação iniciou-se devido a uma "denúncia anónima" e relatos de que uma "senhora tinha sucessivas gravidezes, mas que nunca ninguém viu ou conheceu as crianças".
O diretor revelou também que as quatro crianças, a mais velha nascida em 2011 e a mais nova em 2017, terão sido "vendidas a cidadãos europeus", e que entre as famílias de destino existem portugueses, que não residem no estrangeiro.
É possível dizer que as crianças não estarão numa situação de perigo. A polícia estima o paradeiro das crianças. Estamos é numa fase em que por estratégias policiais não convém dar elementos", assinalou, acrescentando que a PJ entrou em contacto com as congéneres europeias e que, nesse sentido, a eventual fuga das famílias estará acautelada.
A PJ, através da Diretoria do Norte, deteve dois suspeitos, com 41 e 45 anos de idade, residentes no Grande Porto, por suspeita da prática de quatro crimes de tráfico de recém-nascidos e quatro de falsificação de documentos.
A mulher, residente no Porto, é estrangeira e pasteleira de profissão, enquanto o homem, com o qual mantém uma relação há cerca de dez anos, é português, construtor civil e reside em Vila do Conde.
O casal foi presente a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação.
Norberto Martins adiantou, ainda, que a moldura penal para este caso é "extremamente curta", ou seja, "até cinco anos", o que no entender do diretor da PJ do Norte "pode ser chocante", uma vez que há crimes de menor gravidade com moldura penal mais elevada.
A Polícia Judiciária tenta, agora, apurar "a forma como a mãe foi contactada" e o "eventual envolvimento de terceiros para além dos que compraram os bebés", não havendo, para já, elementos de que em causa esteja uma rede internacional.