Médicos de família portugueses são dos que mais tempo dedicam aos doentes - TVI

Médicos de família portugueses são dos que mais tempo dedicam aos doentes

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  • 23 nov 2017, 08:08
Saúde

Consultas nos centros de saúde duram em média 15 minutos, o que torna Portugal um dos dez países que mais tempo dedica à medicina familiar, indica um estudo internacional. Ordem dos Médicos diz que 15 minutos "é pouco" e que se pode chegar aos 20 minutos

As consultas nos centros de saúde portugueses duram em média 15 minutos, o que torna Portugal um dos 10 países que mais tempo disponibiliza nas consultas de medicina geral e familiar.

Um estudo internacional sobre a duração média das consultas de cuidados de saúde primários concluiu que Portugal está em 10º lugar numa avaliação a 67 países quanto ao tempo médio nas consultas.

Portugal surge com uma duração média de 15,9 minutos.

O estudo foi divulgado na revista British Medical Journal Open, sendo uma das autoras a investigadora portuguesa Ana Luísa Neves, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Imperial College London.

Conforme explicou à agência Lusa, foram analisados dados de 67 países, tendo-se concluído que em 15 desses países, que representam 50% da população mundial, a duração média de uma consulta de cuidados primários é inferior a cinco minutos.

Ao todo, são mais de 30 os países com consultas com médias inferiores a 10 minutos.

A Suécia surge como o país que mais tempo médio dedica a estas consultas, com 22,5 minutos, enquanto no extremo oposto está o Bangladesh, com uma duração média de 48 segundos.

À frente dos tempos praticados em Portugal surgem, além da líder Suécia, os Estados Unidos, a Bulgária, a Noruega, a Finlândia, a Rússia, a Suíça, a França e o Canadá.

Espanha surge com pouco mais de 13 minutos de duração média nas consultas de medicina geral e familiar, enquanto no Reino Unido não chegam a 10 minutos.

Ana Luís Neves explica que não há um consenso sobre a duração ideal de uma consulta nos cuidados primários, indicando que muito depende do tipo de população ou doente que está perante um médico, entrando aqui fatores como a idade ou a existência ou não de doenças crónicas.

Os investigadores do estudo referem que as consultas com tempos mais curtos são associadas a piores resultados em saúde e colocam os médicos em maior risco de ‘burnout’ (cansaço extremo).

A investigação também permitiu evidenciar uma relação entre as consultas mais curtas e o uso excessivo de antibióticos.

Quinze minutos de consulta "é pouco" nas atuais condições de trabalho

 A Ordem dos Médicos considera que 15 minutos de consulta nos centros de saúde é um tempo “relativamente curto” nas atuais condições e circunstâncias de trabalho dos médicos de família.

O bastonário Miguel Guimarães admite que os tempos padrão de consulta a definir para a medicina geral e familiar sejam superiores a 15 minutos, podendo rondar os 20 minutos.

Contudo, o representante dos médicos ressalva que esta definição cabe ao colégio de especialidade de medicina geral e familiar, que, tal como os outros colégios da Ordem, está a definir os tempos de intervalo a que devem ser marcadas as consultas das várias especialidades.

Não sendo um tempo muito reduzido comparado com os outros, é um tempo que nas atuais circunstancias é relativamente curto para a função que os médicos de família têm de ter se cumprirem o que são os seus objetivos fundamentais”, afirmou o bastonário dos Médicos em declarações à agência Lusa.

Miguel Guimarães frisa que as avaliações comparativas entre os vários países deviam ter em conta a diferença da forma como se fazem as consultas de medicina geral e familiar.

Há, por exemplo, países em que as consultas têm apoio efetivo de outros profissionais de saúde dentro da própria consulta.

O bastonário lembra ainda que em Portugal há “muito trabalho burocrático” que é feito pelos médicos, além de alertar para a complexidade dos sistemas informáticos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Melhorar a relação entre médicos e doentes é uma das principais bandeiras do bastonário dos Médicos, que já determinou que vão ser definidos tempos padrões de consultas, para que o intervalo de marcação entre as várias consultas seja mais adequado.

Cada colégio da especialidade vai definir os tempos que considera adequados e a Ordem espera ter esse trabalho pronto em janeiro do próximo ano, dentro de menos de três meses.

 

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