Covid-19: dezenas de brasileiros acampam à porta do aeroporto de Lisboa até serem repatriados - TVI

Covid-19: dezenas de brasileiros acampam à porta do aeroporto de Lisboa até serem repatriados

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  • AG-Atualizada às 00:04
  • 27 abr 2020, 19:28

Dezenas de cidadãos brasileiros encontram-se acampados junto ao Aeroporto Humberto Delgado

O cônsul adjunto do Brasil em Lisboa garantiu esta segunda-feira à Lusa que o último dos seis voos fretados pelo estado brasileiro para repatriamento de turistas realiza-se "em breve", e que pode haver mais para pessoas em situação de vulnerabilidade.

A garantia surge numa altura em que vários cidadãos brasileiros estão acampados junto ao aeroporto de Lisboa.

Pode haver mais voos fretados para turistas e pessoas que residam em Portugal e estejam numa situação limite de vulnerabilidade", afirmou à Lusa, por telefone, Eduardo Hosannah.

O cônsul adjunto acrescentou: "Se for necessário, pediremos autorização a Brasília para a realização de mais voos e ampliamos o contrato com a companhia aérea TAP".

No Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, dezenas de cidadãos brasileiros aguardam voo para regressar ao Brasil. À TVI, o grupo disse que não teve quaisquer respostas do consulado.

Algumas destas pessoas chegaram ao aeroporto de Lisboa no sábado à noite, outras no domingo de manhã, e esperavam ter lugar no voo de repatriamento fretado pelo governo brasileiro, que partiu no dia 26, com destino a São Paulo.

Apesar do cansaço e do frio, prometem manter-se à porta do aeroporto até que um responsável do consulado ou da embaixada do Brasil em Lisboa resolvam a sua situação, porém, já têm indicação que há um próximo voo na quinta-feira.

Entre aqueles que esperam voo de regresso estão pessoas desempregadas, turistas, e até doentes.

Quanto ao sexto e último dos voos fretados recentemente pelo estado brasileiro para repatriamento de cerca de 1.600 viajantes do Brasil, retidos em Portugal na sequência das medidas de restrição e cancelamento de voos resultantes da pandemia Covid-19, o diplomata garantiu que se realizará "em breve".

Em 16 de abril, dia em que partiram para São Paulo os dois primeiros voos da TAP, dos seis fretados pelo Governo brasileiro, num contrato num valor global de 1,4 milhões euros, a primeira secretária do consulado do Brasil em Lisboa disse que o sexto voo não era garantido que se visse a realizar.

São seis voos. Em princípio, operaremos cinco e poderemos vir a operar um sexto, ao longo do mês de abril", afirmou então à Lusa Izabel Cury.

Mas o sexto, adiantou na altura, “ainda não é certo que seja necessário”.

Todos os cinco voos já realizados tiveram como destino São Paulo e a bordo iam maioritariamente viajantes brasileiros, mas também cidadãos brasileiros residentes em Portugal que se encontravam em situação de vulnerabilidade.

A maioria dos passageiros são turistas que ficaram retidos aqui, mas há casos de pessoas que no meio deste processo [da pandemia] foram perdendo completamente as condições de ficarem em Portugal, porque perderam os seus empregos e não têm condições de pagar a renda do próximo mês e que vieram entrando em contacto com o consulado", admitiu então Izabel Curry.

No dia em que partiram os dois primeiros voos do aeroporto de Lisboa, como a Lusa verificou no local, uma boa parte das dezenas de passageiros que se encontravam na fila de espera para entrar na porta principal das partidas do aeroporto de Lisboa, não eram turistas, eram residentes sem emprego e estudantes universitários.

Hoje de manhã, na sequência de uma reportagem da SIC de domingo à noite no aeroporto da capital portuguesa, o consulado geral do Brasil em Lisboa emitiu um comunicado a esclarecer que contratou, até ao momento, seis voos de repatriamento dos quais cinco já chegaram ao seu destino, garantindo que o sexto será operado nos próximos dias.

O critério adotado, à luz das circunstâncias que tornaram a medida necessária, foi o de contemplar nesses voos sobretudo aqueles viajantes que se viram retidos em território português devido ao cancelamento de voos comerciais, no contexto da epidemia Covid-19", acrescentou ainda a nota.

Assim, "o embarque de passageiros de perfil diverso — notadamente aqueles residentes em território português, que não tinham chegado a adquirir bilhetes para regressar ao Brasil — somente se fez em atenção a circunstâncias humanitárias excecionais, sem jamais descaracterizar o propósito dos voos, que era justamente o de repatriar viajantes retidos em Portugal por cancelamentos de voos comerciais", esclareceu o consulado.

Voo na quinta-feira para alguns

Alguns dos mais de 20 cidadãos brasileiros que hoje permanecem à porta do aeroporto de Lisboa exigindo um lugar num avião para o Brasil já têm voo garantido para quinta-feira, disse à Lusa uma das imigrantes.

A notícia chegou ao fim da tarde e Luana, com a filha de 3 anos ao colo, não escondeu a alegria: "Recebi agora mesmo um telefonema de uma senhora do consulado a dizer que já estamos garantidos para o voo desta quinta-feira", disse à Lusa.

Luana, o marido e a filha viviam há ano e meio em Portugal.

O meu marido era padeiro e eu trabalhava em pastelaria. Ele tinha contrato eu não, mas ficámos sem nenhum apoio", explicou quando tinha acabado de receber a notícia do consulado sobre o lugar assegurado no último dos seis voos fretados recentemente pelo Estado brasileiro para repatriar viajantes que ficaram retidos em Portugal por causa das consequências da pandemia.

"O voo é na quinta, dia 30, de nós três. Está confirmado", reforçou.

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