Covid-19: trabalhadores do turismo protestam em Lisboa e no Porto para salvar o setor - TVI

Covid-19: trabalhadores do turismo protestam em Lisboa e no Porto para salvar o setor

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  • RL - atualizada às 17:30
  • 3 dez 2020, 17:04
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"Há limites para tudo, são nove meses, já não conseguimos trabalhar mais", defendeu David Almeida, representando este movimento informal criado há cerca de 10 dias

Cerca de meia centena de pessoas que integram o movimento “SalvarOturismo” concentraram-se esta quinta-feira na Avenida dos Aliados, no Porto, para exigir, entre outras medidas, o acesso ao lay-off simplificado e a redução do IVA em 50%.

O que se pretende é mesmo salvar o turismo que é só e apenas o maior exportador nacional. Não é possível continuar durante muito mais tempo com esta situação. As empresas estão descapitalizadas, muitas delas com faturação zero o que faz com que não haja tempo para esperar", defendeu David Almeida, representando este movimento informal criado há cerca de 10 dias.

David Almeida considera que as medidas a anunciar pelo Governo para apoiar o turismo nesta fase da pandemia de covid-19 não serão suficientes e defende que é necessário agir "rapidamente" para garantir que, quando a economia retomar, haverá empresas no setor e dos seus subsetores para retomar o trabalho.

Há limites para tudo, são nove meses, já não conseguimos trabalhar mais", disse.

Salientando que não é possível continuar a sobreviver sem apoios mais efetivos, o representante do movimento vê o anúncio desta quinta-feira de novas medidas para apoiar o setor com reservas, temendo que mais uma vez as ajudas não cheguem efetivamente às empresas.

À semelhança do que tem acontecido (…) vai ser mais do mesmo, mais medidas sem consequências. Não chega (…) O Governo não tem estado à altura das respostas necessárias", declarou, salientando que, se nada for feito, em causa estão 100 mil postos de trabalho.

Alexandra Torcato, proprietária de uma agência de viagem em Guimarães, distrito de Braga, salientou as dificuldades vividas pelo setor que desde março está a tentar sobreviver à pandemia.

Desde março até agora estamos a lutar pelo nosso negócio. O que me preocupa é que o tempo está a passar, estamos a entrar no décimo mês, daqui até junho estamos a falar de mais seis meses, portanto, precisamos de ajuda", afirmou, acrescentado que há vontade de continuar, mas muitos serão os que podem ficar pelo caminho.

A empresária criticou ainda a imprevisibilidade das medidas tomadas pelo Governo, lembrando que no setor do turismo a preparação exige meses.

Também Noémia Nogueira, proprietária da marca Porto Welcome, que trabalha 80% com empresas e agências estrangeiras, relata uma situação "terrível" com perda de faturação na ordem dos 350 mil euros.

Estamos moribundos, nem conseguimos hibernar porque não alimentamos o suficiente para poder estar acordados na primavera (…). [A ajuda] seja ela o que for, que venha rápido e que salve as empresas enquanto estamos vivos. Porque se não quando os turistas chegarem cá, o tsunami levou tudo e não há nada para ver", disse.

Também Niura Severo, guia-intérprete e representante da Associação Portuguesa dos Guias-Intérpretes e Correios de Turismo (AGIC), traçou um cenário em tudo idêntico a outros subsetores do turismo, onde a maioria dos trabalhadores estão a viver às custas das famílias ou tiveram de procurar empregos em setores alternativos.

A situação é que a grande maioria não teve acesso aos apoios porque os critérios não refletem a nossa realidade. Para dar um exemplo, quando a pandemia começou a maior parte de nós tinha a atividade encerrada porque só trabalhamos alguns meses (…) e, portanto, quando surgiu o pedido de apoio nós não podíamos pedir”, relatou, lembrando que em causa estão profissionais altamente qualificados.

Na concentração, os manifestantes envergaram cartazes exigindo um conjunto de medidas de apoio ao setor, reforçando a ideia de que "se o Turismo cair, cai Portugal".

O movimento propõe medidas para a globalidade do setor do turismo para fazer face aos prejuízos causados pela covid-19, numa manifestação que decorre em simultâneo em Lisboa, Porto e Faro.

O movimento “SalvarOturismo”, que conta com mais de 5.000 membros num grupo criado na rede social Facebook, exige o acesso ao lay-off simplificado e a redução do IVA em 50% até setembro de 2021, para empresas com quebras superiores a 35%.

Pretende ainda que sejam concedidos apoios a fundo perdido que compensem 20% da quebra da faturação, "sendo utilizado 50% desse valor para compensar a perda de rendimentos dos trabalhadores".

Entre outras medidas específicas para certos subsetores, como seguros, taxas, rendas e subsídios, a plataforma exige ainda a isenção na Taxa Social Única (TSU) dos sócios-gerentes até setembro do próximo ano, bem como, do Pagamento por Conta e Pagamento Especial por conta no ano de 2020.

Trabalhadores do turismo protestam em Lisboa por apoios adequados

erca de meia centena de trabalhadores do turismo concentraram-se esta quinta-feira no Terreiro do Paço, em Lisboa, para “dar um murro na mesa”, pedir apoios adequados ao setor e apelar ao diálogo com o Governo.

Pelas 15:00, algumas dezenas de trabalhadores de agências de viagens, alojamento local, animação turística, guias turísticos e intérpretes, entre outros subsetores do turismo, concentraram-se junto a um palco improvisado no Terreiro do Paço, em Lisboa, respondendo ao apelo do movimento “Salvar o Turismo”.

O nosso objetivo principal é dar um murro na mesa, o turismo não aguenta mais indecisões. Queremos chegar ao diálogo, falar com os nossos órgãos de poder, propor medidas que achamos que são efetivamente as mais eficazes para salvar este tecido económico”, disse aos jornalistas o porta-voz do movimento, Tiago André.

Segundo o porta-voz, as medidas como o Apoiar.pt - fundo de 750 milhões de euros disponibilizado pelo Governo para apoiar micro e pequenas empresas – deixam de fora muitos empresários do subsetor do turismo e os empréstimos e moratórias também não são solução, porque aumentam os encargos das empresas no futuro.

“Neste momento precisamos de fundos perdidos, uma das nossas bandeiras é o apoio a fundo perdido de 20% da nossa quebra deste ano, comparativamente ao ano anterior”, acrescentou, detalhando que, desses 20%, metade seria para ajudar a capitalizar as empresas e o restante para ajudar os trabalhadores que sofreram perdas de vencimento.

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