"Temos de aprender a viver com o vírus", a única vacina disponível "é o distanciamento social" - TVI

"Temos de aprender a viver com o vírus", a única vacina disponível "é o distanciamento social"

Graça Freitas e António Lacerda Sales

António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, relembrou, na mesma ótica de Marcelo Rebelo de Sousa, que o regresso à vida normal terá de ser feito progressivamente e respeitando as normas e orientações internacionais. Ou seja, o regresso à normalidade terá de ser feito consoante a evolução do risco

António Lacerda Sales disse, esta quinta-feira na conferência de imprensa sobre o balanço da evolução da pandemia de Covid-19 em Portugal, que os portugueses têm de "aprender a viver com o vírus" e que a única vacina disponível é o distanciamento social.

Temos de aprender a viver com o vírus, com a consciência de que a única vacina que dispomos no momento é o distanciamento social. O regresso à normalidade terá de ser feito regularmente, respeitando as orientações técnicas internacionais e tendo como base a melhor evidência científica disponível".

 

Na mesma linha, Graça Freitas relembrou que o regresso à normalidade tem de ser feito mediante algumas condições: "Temos de equilibrar o retorno à atividade normal num mundo com Covid. Não podemos recuar a 30 de dezembro de 2019. Vamos ter de compatibilizar uma nova forma de estar na vida"

Obviamente que a população deve observar, mas compete às autoridades policiais controlar fluxos de pessoas e perceber se estão a cumprir ou não o que está preconizado para a população", acrescentou numa referência ao aumento do fluxo de pessoas nas ruas e espaços fechados. 

O secretário de Estado da Saúde disse que a Direção-Geral da Saúde (DGS) publicou, esta quinta-feira, um manual para ajudar as famílias a lidar com o confinamento. 

"Não há um valor milagroso" de taxas de contágios para reduzir medidas de contenção

A diretora-geral da Saúde defendeu que “não há um valor milagroso” do número médio de contágios causados por cada pessoa infetada com o novo coronavírus que permita, por si só, reduzir as medidas de contenção.

Em Portugal cada doente com Covid-19 infeta em média uma outra pessoa, segundo informações avançadas esta quinta-feira por Graça Freitas.

A Noruega anunciou esta semana que vai reduzir as medidas de contenção porque a taxa de contágio está nos 0,7, ou seja, cada doente está a infetar em média 0,7 pessoas.

Para Graça Freitas, “não há números milagrosos” e cada país segue um conjunto de critérios diferentes para decidir se aliviam as restrições.

O número médio de pessoas que cada doente contagia (conhecido como R0) “não é o único critério que está a ser utilizado pelos diversos países”, sublinhou.

A realidade demográfica, social e o sistema de saúde nacional fazem a diferença no momento de os Governos tomarem medidas.

“Não há um valor milagroso. Para a Noruega foi considerado 0,7. O de Portugal está perto de 1, com pequenas variações regionais. O nosso valor atual é de cerca de 1: De 1.1 nuns sítios e um pouco abaixo de 1 noutros”, afirmou.

Há 2.131 profissionais de saúde infetados

António Lacerda Sales revelou que há 2.131 profissionais de saúde infetados, entre os quais 396 são médicos e 566 enfermeiros. Somam-se 1.169 assistentes operacionais, técnicos e outros profissionais de saúde.

Sobre os dados de um inquérito da Escola de Saúde Pública (ENSP), que revela que mais de seis em cada 10 casos suspeitos de Covid-19 em profissionais de saúde não foram submetidos a vigilância ativa e apenas um quarto realizou o teste nas primeiras 24 horas, a diretora-geral da Saúde, sem comentar diretamente o estudo, apontou que nenhum dos valores lhe "parece à partida estranho”.

Quero crer que com as equipas de saúde ocupacional e com as autoridades de saúde, muitos dos profissionais de saúde que ficaram em casa durante 14 dias ficaram em vigilância passiva, ou seja, eles próprios a vigiarem os seus sintomas e a reportarem. Trata-se de uma população especial com capacidade para se autovigiar. Nenhum destes valores nos parece à partida estranho”.

Questionado sobre o número de pessoas que morreram dentro e fora dos Cuidados Intensivos, Lacerda Sales disse que nenhuma das vítimas mortais registadas nas últimas 24 horas se encontravam nessa unidade. Existe, no entanto, uma única dúvida no Hospital de São João, no Porto.

Sobre a proposta que Marcelo Rebelo de Sousa apresentou ao Parlamento, de prolongar o estado de emergência por mais 15 dias, ou seja, até dia 2 de maio, António Lacerda Sales disse que esse projeto de decreto "vai ao encontro das medidas que temos estado a tomar e que vamos com certeza continuar a tomar".

O número de mortes por Covid-19 em Portugal subiu para 629, anunciou a DGS, nesta quinta-feira. São mais 30 mortos do que no balanço anterior.

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