Gripe: perguntas e respostas sobre o que se espera para este inverno - TVI

Gripe: perguntas e respostas sobre o que se espera para este inverno

Gripe

Este ano a doença vai afetar mais a sociedade. Saiba como, quando e o que fazer

Com o aproximar do outono e do inverno, volta a ser importante lembrar a importância da luta contra o vírus da gripe. Ainda sem se saber como estará a situação da covid-19 mais à frente, certo é que tudo deve ser feito para evitar um novo stress sobre os hospitais portugueses, até porque os especialistas avisam que este ano será pior. A vacinação arranca já esta segunda-feira, e aqui dizemos-lhe o que pode fazer.

Assim, e preparando já o regresso da gripe a Portugal, elaborámos um conjunto de perguntas e respostas para estar o melhor preparado possível.

1. Em que altura do ano surge o vírus da gripe?

Por norma, o vírus da gripe surge por volta de novembro, ficando em circulação até março, altura em que é importante manter uma atividade vigilante e reforçar os hábitos de higiene, tão em prática nos últimos largos meses. Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), nos últimos anos tem-se verificado uma maior atividade gripal entre os meses de dezembro e fevereiro, o que coincide com o inverno.

2. Como se transmite a gripe?

O vírus da gripe é transmitido por partículas de saliva de uma pessoa infetada, que passam sobretudo através de tosse ou espirros, mas também por contacto direto com partes do corpo ou superfícies contaminadas.

3. Qual o período de incubação?

O período que decorre entre o momento da infeção e os primeiros sintomas varia entre um a cinco dias, mas costuma ser de dois.

4. Quanto tempo demora para uma pessoa ser contagiosa?

O período de contágio começa ainda dentro da incubação, um a dois dias antes do início de sintomas, podendo ir até sete dias após os primeiros sinais. Nas crianças este período pode ser maior.

5. Quais os sintomas da gripe?

Num adulto comum, a gripe manifesta-se com um início súbito de mal-estar, dores musculares e articulares, dores de cabeça e tosse seca. Pode também ocorrer inflamação dos olhos. Já nas crianças, os sintomas variam consoante a idade, sendo a febre e prostração (estado de fraqueza) os sintomas mais comuns em bebés. Podem ainda ocorrer sintomas gastrintestinais (como náuseas, vómitos ou diarreia) e respiratórios (laringite ou bronquiolite). A otite média é também uma complicação frequente nas crianças até aos três anos. Nas crianças mais velhas os sintomas são semelhantes aos dos adultos.

6. Qual a gravidade da gripe?

Sendo uma doença que habitualmente tem curta duração (três a quatro dias), os sintomas são, na maioria das pessoas, de intensidade ligeira ou moderada, esperando-se uma recuperação completa no prazo máximo de duas semanas. Em idosos ou doentes crónicos o risco de complicações e a duração de sintomas podem ser maiores. Em casos mais graves, a doença pode evoluir para pneumonia, sendo também possível que afete a condição primária (diabetes, asma, doença cardíaca ou pulmonar).

Depois de 2020 ter sido um ano de forte recolhimento da população, confinada por causa da covid-19, espera-se um regresso em força da gripe, e os especialistas avisam para isso mesmo.

Havendo menos contacto com o vírus, há menos produção de anticorpos e, logo, as pessoas estão menos protegidas", explica à TVI24 o pneumologista Luís Rocha. "Portanto, as pessoas entram na época de gripe com menos imunidade e isto significa que o contacto com qualquer vírus terá um impacto maior".

7. Como evitar a gripe?

Além da normal higienização, a gripe pode ser evitada através da vacinação, feita de forma anual. A DGS alerta para que se evite o contacto com pessoas doentes, além de uma frequente lavagem das mãos.

Fundamental para a gripe é o plano de vacinação, que este ano volta a ser gratuito para grande parte da população, e que arranca ainda antes da época indicada para o pico.

Temos de estar preparados com um plano de vacinação dos grupos de risco, temos de estar mais alerta e mais preparados para ter a vacina disponível para aqueles que precisam", diz, sem hesitar, o virologista Pedro Simas.

8. Quem deve ser vacinado contra a gripe?

Afetando os mais idosos e os doentes com um sistema imunitário fragilizado, a vacina da gripe recomenda-se a:

  • Pessoas com 65 e mais anos de idade, principalmente se residirem em instituições; 
  • As pessoas que tenham:
  • Doenças crónicas dos pulmões, do coração, dos rins ou do fígado;
  • Diabetes em tratamento;
  • Outras doenças que diminuam a resistência às infeções.
  • Grávidas.

Veja também: Este ano a gripe vai atacar em força. O que podemos fazer para nos protegermos?

9. Há alguém que não deve ser vacinado?

Sim, a DGS não recomenda a vacinação contra a gripe a pessoas com alergia grave ao ovo ou que tenham tido uma reação alérgica grave numa vacina contra a gripe administrada anteriormente.

10. Quando deve ser feita a vacinação?

Tendo em conta que o pico gripal se atinge entre dezembro e fevereiro, a vacinação contra a gripe o vírus deve ser feita até ao final do ano, podendo ocorrer durante todo o outono e inverno.

11. Onde posso comprar a vacina?

A vacina contra a gripe está à venda nas farmácias, sendo necessária uma receita médica, da qual se beneficia de uma comparticipação de 37%.

12. Quem pode fazer ser vacinado gratuitamente?

A vacina contra a gripe é gratuita nos centros de saúde, sem necessidade de declaração médica para os doentes com as seguintes condições:

  • Diabetes Mellitus;
  • Terapêutica de substituição renal crónica (diálise);
  • Trissomia 21;
  • Submetidas a transplante de células precursoras hematopoiéticas ou de órgãos sólidos;

A vacina é gratuita nos centros de saúde, com declaração médica para:

  • A aguardar transplante de células precursoras hematopoiéticas ou de órgãos sólidos
  • Sob quimioterapia
  • Fibrose quística
  • Défice de alfa-1 antitripsina sob terapêutica de substituição
  • Patologia do interstício pulmonar sob terapêutica imunossupressora
  • Doença crónica com comprometimento da função respiratória, da eliminação de secreções ou com risco aumentado de aspiração de secreções
  • Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

A vacina é também gratuita para:

  • Profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e Bombeiros com atividade assistencial; Residentes em instituições ou pessoas internadas em unidades do SNS; Bombeiros
  • Guardas prisionais e reclusos

13. Como se deve guardar a vacina?

Quando compra a sua vacina na farmácia, a vacina deve ser administrada logo que possível. Se a levar para casa para administração posterior, a vacina deve ser conservada dentro da embalagem, no frigorífico, entre +2º e +8ºC (nas prateleiras do meio do frigorífico e não na porta).

14. Quais são as fases da vacinação?

A 1.ª fase da vacinação contra a gripe arranca já esta segunda-feira, dia 27 de setembro, destinando-se a pessoas em determinados contextos. Deste grupo fazem parte residentes, utentes e profissionais de estabelecimentos de respostas sociais, como é o caso de lares de idosos. São também incluídos doentes e profissionais de saúde da rede de cuidados continuados integrados e os profissionais do Serviço Nacional de Saúde. Nesta primeira fase estão também incluídas as grávidas.

A 2.ª fase não tem uma data específica, mas deve arrancar assim que todos os grupos definidos na primeira estejam vacinados. Aqui, todos os grupos abrangidos pela vacinação gratuita vão poder vacinar-se. Destes fazem parte pessoas com mais de 65 anos e pessoas portadoras de doenças ou condições de maior fragilidade.

A DGS apela à adesão das pessoas que têm critério para a vacinação contra a gripe, num processo que será feito de forma organizada, decorrendo nos próximos meses. 

15. Se estiver com gripe, o que fazer?

  • Fique em casa, em repouso;
  • Não se agasalhe demasiado;
  • Meça a temperatura ao longo do dia;
  • Se tiver febre pode tomar paracetamol (mesmo as crianças). Não dê ácido acetilsalicílico às crianças;
  • Se está grávida ou amamenta não tome medicamentos sem falar com o seu médico;
  • Utilize soro fisiológico para tratar a obstrução nasal;
  • Não tome antibióticos sem recomendação médica. Não atuam nas infeções virais, não melhoram os sintomas nem aceleram a cura;
  • Beba muitos líquidos: água e sumos de fruta;
  • Se viver sozinho, especialmente se tiver limitações de mobilidade ou estiver doente, deve pedir a alguém que lhe telefone regularmente para saber como está.

Para evitar a transmissão de gripe a DGS deixa os seguintes conselhos:

  • Reduza, na medida do possível, o contacto com outras pessoas;
  • Lave frequentemente as mãos com água e sabão. Caso não seja possível, utilize toalhetes;
  • Use lenços de papel de utilização única (deite nos sanitários ou no lixo comum);
  • Ao espirrar ou tossir proteja a boca com um lenço de papel ou com o antebraço; não utilize as mãos.

16. Devemos usar máscara para nos protegermos da gripe?

Pedro Simas defende há muito tempo que, para bem do nosso sistema imunitário, "é preciso voltar à normalidade". "Já deveríamos ter largado as máscaras há um mês e meio", declara.

"Agora temos os grupos de risco protegidos e mais de 80% população está protegida contra a covid-19, isto tem um efeito dramático na transmissão do vírus", diz, explicando que neste momento já não é necessário usar máscara por causa da covid-19. "Sou a favor de desconfinar completamente e estar atentos a duas linhas vermelhas, não das infeções mas dos internamentos (sobretudo em cuidados intensivos) e ao aparecimento de novas variantes."

Há uma imunidade de grupo que não o inibe o vírus de circular nem evita a infeção, mas é eficiente a proteger contra a doença grave", diz. 

Isso é o que acontece habitualmente com a gripe, por isso, quanto mais depressa deixarmos de usar a máscara mais rapidamente voltaremos a ter a nossa imunidade. No que toca à gripe sazonal, "o pior que podemos fazer é perpetuar o uso generalizado de máscara", defende. 

A máscara deve ser usada seletivamente, apenas em grupos de risco e se houver muitas infeções. Não nas escolas, não nos centros comerciais, não nas salas de teatro."

Já Luís Rocha é um pouco mais conservador no que toca ao uso de máscara e considera que as recomendações atuais da DGS são corretas:

Nas escolas, nos transportes públicos, em grandes aglomerados, em espaços fechados a máscara continua a ser uma proteção eficaz."

Na opinião deste pneumologista, estes cuidados continuam a ser importantes, sobretudo por causa das pessoas mais vulneráveis - os mais idosos, os imunossuprimidos, as pessoas com problemas de saúde. "Uma pessoa saudável pode ter a sua gripe e não é grave, claro. Mas pode transmitir a doença a uma pessoa que tenha menos defesas", explica.

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