Mais de metade do consumo de água depende de Espanha - TVI

Mais de metade do consumo de água depende de Espanha

Sociedade

Sector agrícola tem um forte peso na pegada hídrica portuguesa

Mais de metade da água «virtual» consumida em Portugal tem origem em Espanha e o sector agrícola tem um «forte peso» na pegada hídrica portuguesa, concluiu um estudo da organização internacional de conservação da natureza WWF.

No seu relatório «Pegada Hídrica em Portugal - Uma análise da pegada de consumo externa» divulgado esta quinta-feira, a WWF aponta para «o forte peso do sector agrícola, e para a elevada dependência externa, com mais de metade da água virtual consumida em Portugal a ter origem noutros países».

No entanto, o país apresenta «um saldo positivo, exportando um volume de água virtual ligeiramente superior àquele que importa».

É proposto que Portugal assuma a pegada hídrica como medida dos impactos da atividade humana na água, e que a integre nos sistemas de planificação e gestão, promova políticas a garantir uma utilização sustentável da água, além de ser aconselhado o condicionamento da ajuda económica externa à avaliação positiva do uso da água nos países receptores.

Na agricultura, a WWF aponta a modernização dos sistemas de rega e a redução das perdas nas redes de captação e distribuição além de que as empresas devem incorporar a redução da pegada hídrica na estratégia de sustentabilidade e responsabilidade social.

Os portugueses recebem o conselho de utilizar racionalmente a água, de reutilizar, e da instalação de equipamentos mais eficientes, além da redução do consumo de produtos com pegada mais elevada, como a carne.

A WWF detectou a falta de uma iniciativa regional mediterrânica para promover a produção sustentável de azeite, com base na redução da pegada hídrica e dos impactos ambientais dos olivais, tendo Portugal e Espanha «condições privilegiadas para assumir em conjunto as suas responsabilidades internacionais de redução da pegada hídrica».

A associação realça o elevado peso do algodão, dos produtos pecuários e da soja na contabilização do consumo de água, como os que mais contribuem para a pegada hídrica portuguesa, por causa do volume total de água importada, incluindo a «integrada» nos produtos ou no processo produtivo.

Por sua vez, as poucas produções que apresentam um excedente na balança de água virtual são a uva e a azeitona, principalmente para a transformação em vinho e azeite.

Segundo as conclusões do estudo, para o conjunto dos produtos resultantes da actividade pecuária, «o comércio de água virtual de Portugal está fortemente concentrado em Espanha, com 61 por cento do total de importações, e 56 por cento das exportações».

A produção bovina «é claramente aquela de que Portugal mais depende, sendo também a mais poluidora e que mais água consome, para produzir um quilo de carne de vaca são em média necessários 3.682 litros de água».

Já a produção de azeitona para azeite «é uma das poucas» cujo comércio externo representa um «superavit» de água virtual para Portugal, e as importações concentram-se em Espanha, sobretudo azeitona a granel que depois é associada à produção nacional e exportada para países como Brasil e EUA.
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