Duas alunas da Escola Secundária de Vagos, em Aveiro, foram chamadas à direção depois de se terem beijado naquele estabelecimento. O incidente ocorreu na segunda-feira e está a gerar polémica nas redes sociais, onde estão a ser partilhadas imagens de um protesto contra a homofobia, nesta quarta-feira, em que participaram dezenas de estudantes. Também o Bloco de Esquerda já pediu explicações ao Ministério da Educação.
Contactado pela TVI24, o ministério de Tiago Brandão Rodrigues admitiu estar a apurar o que se passou e repudiou, desde logo, “qualquer ato de discriminação”.
O caso gerou indignação entre os alunos, que rapidamente se mobilizaram e manifestaram o seu repúdio pela decisão da escola. De acordo com o que a TVI24 apurou, as duas alunas terão sido vistas a beijarem-se por uma funcionária e depois chamadas à direção da escola, onde terão sido informadas que não se podem beijar em público porque isso "incomoda pessoas".
Frequento 1 escola onde chamaram 2 raparigas LÉSBICAS à direção para avisarem que NÃO se podem beijar em público porque IMCOMODAM pessoas.
— Bruna. (@throughstory) 22 de maio de 2017
Hoje, os alunos organizaram vários protestos contra a decisão da escola, erguendo cartazes e exigindo falar com a direção.
Vagos no represent pic.twitter.com/TiiiGutzRe
— Bruna. (@throughstory) 24 de maio de 2017
Be gay is okay! pic.twitter.com/BgDTbjpVDs
— Bruna. (@throughstory) 24 de maio de 2017
@EricPrince007 @gisela_c96 @joaospannagel0 nunca vi ninguém ser chamado à directora por um rapaz beijar uma rapariga
— Miguel Araújo (@NetMane) 24 de maio de 2017
ABAIXO A HOMOFOBIA NA ESCOLA SECUNDÁRIA DE VAGOS pic.twitter.com/XW1EOHKNOF
— spannagel 👅 (@joaospannagel0) 24 de maio de 2017
Um dos alunos disse à TVI24 que o protesto se iniciou no intervalo das aulas e envolveu praticamente toda a escola.
Começámos no intervalo, mas como a direção não queria falar connosco, não desistimos até conseguir. Quando conseguimos, algumas pessoas tiveram de faltar à aula para conversar com eles", contou.
Contactada pela TVI24, a escola recusou prestar quaisquer declarações, admitindo apenas que a direção se encontra reunida.
Os alunos foram ameaçados com processos disciplinares caso não terminassem os protestos e aguardam, agora, a decisão da direção.
Quando se manifestam na secundária de vagos contra a homofobia e toda a gente leva um processo disciplinar. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
— Tomás Cazaux (@tomcazaux) 24 de maio de 2017
O BE questionou o Ministério da Educação sobre se tem conhecimento do caso e quais as medidas que vai tomar para impedir "qualquer ato discriminatório por parte desta escola em relação às duas alunas e a toda a comunidade escolar devido à sua orientação sexual".
Numa pergunta subscrita pelos deputados Joana Mortágua e Moisés Ferreira, o BE sustenta que "a atuação da direção da escola visou especificamente a orientação sexual das alunas" acrescentando que, "de acordo com relatos de alguns alunos e alunas, a polícia terá sido chamada e os estudantes ameaçados de processo disciplinar".
Os deputados questionam também o Ministério de Tiago Brandão Rodrigues sobre como agirá para garantir que os alunos que "exerceram o seu direito de manifestação não são prejudicados", designadamente com processos disciplinares.