Duas alunas beijaram-se, a escola não gostou e os colegas saíram em sua defesa - TVI

Duas alunas beijaram-se, a escola não gostou e os colegas saíram em sua defesa

  • SP
  • 24 mai 2017, 19:44

Direção da escola secundária de Vagos, em Aveiro, terá ameaçado estudantes em protesto com processos disciplinares. Bloco de Esquerda já pediu explicações ao Ministério da Educação

Duas alunas da Escola Secundária de Vagos, em Aveiro, foram chamadas à direção depois de se terem beijado naquele estabelecimento. O incidente ocorreu na segunda-feira e está a gerar polémica nas redes sociais, onde estão a ser partilhadas imagens de um protesto contra a homofobia, nesta quarta-feira, em que participaram dezenas de estudantes. Também o Bloco de Esquerda já pediu explicações ao Ministério da Educação.

Contactado pela TVI24, o ministério de Tiago Brandão Rodrigues admitiu estar a apurar o que se passou e repudiou, desde logo, “qualquer ato de discriminação”.

O caso gerou indignação entre os alunos, que rapidamente se mobilizaram e manifestaram o seu repúdio pela decisão da escola. De acordo com o que a TVI24 apurou, as duas alunas terão sido vistas a beijarem-se por uma funcionária e depois chamadas à direção da escola, onde terão sido informadas que não se podem beijar em público porque isso "incomoda pessoas".

Hoje, os alunos organizaram vários protestos contra a decisão da escola, erguendo cartazes e exigindo falar com a direção.

Um dos alunos disse à TVI24 que o protesto se iniciou no intervalo das aulas e envolveu praticamente toda a escola. 

Começámos no intervalo, mas como a direção não queria falar connosco, não desistimos até conseguir. Quando conseguimos, algumas pessoas tiveram de faltar à aula para conversar com eles", contou.

Contactada pela TVI24, a escola recusou prestar quaisquer declarações, admitindo apenas que a direção se encontra reunida.

Os alunos foram ameaçados com processos disciplinares caso não terminassem os protestos e aguardam, agora, a decisão da direção.

O BE questionou o Ministério da Educação sobre se tem conhecimento do caso e quais as medidas que vai tomar para impedir "qualquer ato discriminatório por parte desta escola em relação às duas alunas e a toda a comunidade escolar devido à sua orientação sexual".

Numa pergunta subscrita pelos deputados Joana Mortágua e Moisés Ferreira, o BE sustenta que "a atuação da direção da escola visou especificamente a orientação sexual das alunas" acrescentando que, "de acordo com relatos de alguns alunos e alunas, a polícia terá sido chamada e os estudantes ameaçados de processo disciplinar".

Os deputados questionam também o Ministério de Tiago Brandão Rodrigues sobre como agirá para garantir que os alunos que "exerceram o seu direito de manifestação não são prejudicados", designadamente com processos disciplinares.

Continue a ler esta notícia