Apito Dourado: sentença adiada novamente

O Tribunal de Santa Cruz, na Madeira, voltou a adiar a sentença do julgamento de quatro arguidos por corrupção activa e passiva no fenómeno desportivo, no âmbito de um processo extraído do «Apito Dourado», refere a Lusa.

A leitura da sentença esteve inicialmente marcada para 2 de Fevereiro, mas foi adiada para 25 desse mês devido à falta de prova suplementar quanto à situação económica e social de três dos quatro arguidos, António Henriques, Leonel Moreira e Azevedo Duarte. O quarto arguido é Marco Santos.

O Tribunal solicitou com urgência à Direcção-Geral de Inserção Social os referidos relatórios, com excepção para Marco Santos, que, em julgamento, fez prova da sua situação económica e social, enquanto os restantes ainda não tinham chegado.

A juíza Teresa Mão de Ferro considerou que o prazo para a entrega dessa prova suplementar só terminava esta quarta-feira, pelo que, na sala do tribunal, procedeu-se somente ao final do julgamento, ao qual só compareceu o observador de árbitros Marco Santos, como tem sido hábito nas anteriores sessões.

Tanto a acusação como a defesa prescindiram das alegações finais e não apresentaram provas testemunhais.

Crimes de corrupção activa e passiva no fenómeno desportivo

Os quatro arguidos estão a ser julgados pelo crime de corrupção activa e passiva no fenómeno desportivo, estando em causa o jogo de futebol entre a Associação Desportiva de Machico (ADM) e o Sacavenense, realizado a 28 de Maio de 2004.

Nesse embate, o Machico venceu por 3-0, tendo, assim, escapado à descida de divisão, na Série E da III Divisão.

O julgamento decorre no âmbito de um processo extraído do caso «Apito Dourado», relacionado com alegada corrupção e tráfico de influências no futebol profissional e na arbitragem.

Está em causa uma intercepção telefónica entre António Henriques, na altura vice-presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), e Azevedo Duarte, também membro do Conselho de Arbitragem da FPF, alegadamente solicitando que intercedesse junto do árbitro da partida, Leonel Moreira, para agir em benefício da ADM.

Em troca, receberia boa pontuação e seria promovido na sua carreira de árbitro.

A sentença está marcada para as 14:00 do dia 1 de Abril, no Tribunal de Santa Cruz, na ilha da Madeira.

António Henriques foi, recentemente, condenado a uma pena de prisão com pena suspensa de dois anos e meio por outro processo de corrupção desportiva, julgado em Gondomar no âmbito do processo «apito dourado», que incidiu sobre um jogo entre o Marítimo e o Nacional, arbitrado pelo ex-árbitro Martins dos Santos, que também sofreu a mesma sanção, da qual recorreram.