Alunos podem ficar sem atividades extra a partir de segunda-feira - TVI

Alunos podem ficar sem atividades extra a partir de segunda-feira

O ultimato foi feito esta manhã junto a uma escola de Santarém. Os professores que não recebem desde setembro vão deixar de assegurar atividades nas escolas

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Cerca de 400 professores que asseguram as Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) no primeiro ciclo e que não recebem desde setembro vão deixar de comparecer nas escolas na próxima segunda-feira, disseram alguns dos docentes à agência Lusa.

Numa ação à entrada da escola de primeiro ciclo do ensino básico da Póvoa da Isenta, no concelho de Santarém, promovida pela Comissão de Pais, vários professores contratados para as AEC pelo agrupamento de escolas Alexandre Herculano, através da empresa Knowhow, lamentaram que o Ministério da Educação não tenha ainda pagado à entidade que os contratou.

«A empresa fez o que tinha a fazer. Não depende deles», disse à Lusa Pedro Machado, professor de dança, frisando que os docentes têm aguardado pacificamente «apenas pelas crianças».

Em causa estará uma dívida superior a 300.000 euros à Knowhow, associação de solidariedade social que assegura as AEC em 14 agrupamentos de escolas do país, abrangendo cerca de 6.000 alunos e 400 docentes.

«Esta situação é indecente», disse à Lusa Helena Jorge, porta-voz da Comissão de Pais da escola da Póvoa da Isenta, alertada por outros encarregados de educação que se aperceberam que, neste estabelecimento de ensino, os professores das AEC deixaram de comparecer na passada segunda-feira.

No período entre as 16:00 e as 17:30 «os meninos acabam por ficar sem vigilância, porque as funcionárias têm que limpar a escola, quando deviam estar a ter atividades de que gostam muito e que são tão importantes para eles», afirmou.

«Estamos a pagar para vir trabalhar», frisou Pedro Machado, lembrando que os professores, a cumprir nas AEC um horário de cinco horas semanais, pagam do seu bolso as deslocações, sendo que, no caso do concelho de Santarém, muitas escolas se situam a vários quilómetros das sedes dos agrupamentos.

No final de dezembro, o Ministério da Educação assegurou que os pagamentos em falta aos professores das AEC estavam regularizados, estando apenas por resolver «questões pontuais».

Contactada pela Lusa, a vereadora da Câmara Municipal de Santarém com o pelouro da Educação, Inês Barroso, afirmou que, dos quatro agrupamentos de escolas existentes no concelho de Santarém, a situação coloca-se em três deles - um, que tem todas as escolas na cidade, contrata diretamente os docentes -, estando em causa o acompanhamento de mais de 1.500 crianças.

Tendo saído da alçada dos municípios em 2013, a contratação de professores para as AEC passou a ser feita pelos agrupamentos, mas a dificuldade em conseguir atrair professores para escolas que obrigam a custos consideráveis com deslocações levou a que alguns deles recorressem a empresas, adiantou.
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