Fenprof «surpreendida» com surpresa do ministro perante a greve - TVI

Fenprof «surpreendida» com surpresa do ministro perante a greve

Mário Nogueira (FERNANDO VELUDO / LUSA)

«Surpreendente» seria se os docentes «ficassem de braços cruzados»

A Fenprof declarou-se esta segunda-feira «surpreendida» pela surpresa manifestada pelo ministro da Educação quanto à convocação de uma greve geral de professores, uma vez que considera que «surpreendente» seria se os docentes «ficassem de braços cruzados» perante «as ameaças» pendentes.

«Preveem-se ainda maiores cortes na Educação, através de um orçamento retificativo que atingirá as escolas públicas e as famílias, neste caso com graves implicações nos apoios sociais que lhes são disponibilizados. Anunciam-se despedimentos, mobilidade especial, agravamento dos horários de trabalho, novas reduções salariais em cima dos já existentes ... será surpreendente a reação e o protesto dos professores?», questionou a Federação Nacional de Professores (Fenprof), em comunicado.

O ministro da Educação, Nuno Crato, garantiu hoje que o Governo tudo fará para que os alunos não sejam prejudicados nos exames pela anunciada greve dos professores que classificou de «estranha».

«É uma declaração um pouco estranha, é um anúncio de greve, uma intenção de greve que surge por parte de alguns sindicatos sem ter havido um pedido de negociação, sem ter havido um outro aviso, sem se estar a meio de algum diálogo, portanto isto é um pouco surpreendente», declarou, durante uma visita a Trás-os-Montes.

No documento enviado às redações, a estrutura sindical acusa o Governo de não ter mantido com os sindicatos um processo negocial, sublinhando que «ou não tem havido ou não passou de uma farsa», acrescentando que «negociação efetiva e séria é algo que, há muito, não há».

«Neste contexto, surpreendente seria que os professores, perante a atual situação e as ameaças que pendem sobre si, ficassem de braços cruzados», conclui a Fenprof.

Os sindicatos agendaram uma greve geral de professores para 17 de junho, dia que coincide com o primeiro dia dos exames nacionais do ensino secundário, e marcaram para dia 15 de junho uma manifestação nacional.

A decisão foi tomada durante uma reunião que juntou na passada quinta-feira, em Lisboa, nove sindicatos de docentes para analisar os impactos na educação das medidas anunciadas pelo Governo, que podem implicar o aumento do horário de trabalho e a passagem à mobilidade especial dos professores.

A Federação Nacional de Educação (FNE) foi a única estrutura sindical que não expressou um apoio imediato à greve, condicionando a sua decisão ao que for deliberado numa próxima reunião dos seus órgãos diretivos, e que vai decorrer na terça-feira, na sede da UGT.

Ficou ainda agendado na reunião de quinta-feira um período de greve aos serviços de avaliação, nos dias 11, 12, 13 e 14 de junho, que vão afetar sobretudo as reuniões de avaliação dos alunos do 9º, 11º e 12º ano, que realizam exames nacionais e terminam o período de aulas mais cedo do que os outros anos escolares.
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