Empresa que vendeu golas inflamáveis pertence a marido de autarca do PS - TVI

Empresa que vendeu golas inflamáveis pertence a marido de autarca do PS

Materiais do kit de segurança da Proteção Civil contra incêndios

Foxtrot tem apenas dois contratos, celebrados em apenas uma semana: a 13 e 20 de junho de 2018 vendeu à Proteção Civil quase 330 mil euros em golas e kits de proteção, e nasceu dois meses após a criação do "Aldeia Segura"

A 20 de outubro de 2017, o Governo decidiu, em Conselho de Ministros, criar "um Programa de Proteção de Aglomerados Populacionais e de Proteção Florestal, designado 'Aldeia Segura'", gerido pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).

O objetivo é, desde 2018, oferecer medidas de proteção e criar estratégias preventivas em caso de incêndios nas povoações. No âmbito deste programa, a Proteção Civil encomendou estes kits a uma empresa que acreditou que faziam parte de uma medida de merchandising e não para uso em contexto real de incêndio.

A empresa em questão é a Foxtrot – Aventura, Unipessoal Lda, dedicada à "animação turística, nomeadamente turismo de natureza", segundo informação constante no Portal da Justiça. A empresa pertence a Ricardo Nuno Peixoto Fernandes, casado em comunhão de adquiridos com Isilda Gomes da Silva, presidente da junta de freguesia de Longos, em Guimarães.

Além disso, Isilda da Silva faz parte dos órgãos sociais da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas das Taipas, também em Guimarães, onde desempenha o cargo de 1.ª Secretária.

A TVI tentou contactar a junta de freguesia de Longos, para obter um comentário junto da autarca, mas sem sucesso.

Apesar de dedicar-se à animação turística, que tem como fim a "exploração de parque de campismo e caravanismo, (...) estabelecimentos de restauração e de bebidas, nomeadamente bares e restaurantes, (...) de mini mercado e ao comércio, importação e exportação de produtos alimentares, bebidas e tabaco", foi a esta empresa que a Proteção Civil decidiu comprar os kits e as golas de proteção.

A Foxtrot foi criada em outubro a 18 de dezembro de 2017, dois meses após a resolução do Conselho de Ministros, e desde então tem apenas dois contratos, celebrados em apenas uma semana: a 13 e 20 de junho de 2018 vendeu à Proteção Civil quase 330 mil euros em golas e kits de proteção.

De acordo com o Portal BASE, o primeiro contrato celebrado a 13 de junho entre a Foxtrot e a ANPC refere-se à compra de 70 mil golas, a entregar em 30 dias, por 125.705 euros. O representante da Proteção Civil foi Carlos Mourato Nunes, cuja filha foi nomeada para o Governo em novembro do ano passado.

Uma semana mais tarde, a 20 de agosto, a ANPC volta a celebrar um contrato com a Foxtrot para a aquisição de "15 mil kits de auto proteção no âmbito dos programas 'Aldeia Segura' e 'Pessoas Seguras'", a entregar no prazo de 30 dias, no valor de 202.650 euros.

Ministro considera "irresponsável e alarmista" notícia sobre golas antifumo

Entretanto, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, afirmou ser “irresponsável e alarmista” a notícia sobre as golas antifumo com material inflamável distribuídas no âmbito do programa "Aldeias Seguras".

O ministro sublinhou a importância do programa que está em curso em mais de 1.600 aldeias do país, assegurando que a distribuição das golas antifumo não põe em causa nem o projeto nem a segurança das pessoas.

Confrontado pelos jornalistas sobre o facto de as golas serem feitas com material inflamável, o responsável começou por dizer: "não me vai pedir para falar das boinas da GNR".

Eduardo Cabrita recusou-se a responder sobre o objetivo da distribuição destas golas com material inflamável, bem como o que as populações devem fazer com elas".

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