Guardas prisionais na rua contra novos horários - TVI

Guardas prisionais na rua contra novos horários

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  • 21 set 2017, 17:30
Guardas prisionais em protesto [Lusa]

Meia centena de profissionais concentrou-se em Matosinhos, num protesto pela manutenção do atual horário de trabalho, que é de 24 horas, por oposição aos turnos de oito horas que, explicaram, vão entrar em vigor a partir de novembro

Mais de meia centena de guardas prisionais de várias cadeias do Norte do país concentraram-se esta quinta-feira em frente à prisão de Custóias, Matosinhos, contestando a alteração do horário de trabalho que vai entrar em vigor em novembro.

Os guardas em protesto querem manter o atual horário de trabalho, que é de 24 horas, por oposição aos turnos de oito horas que, explicaram, vão entrar em vigor a partir de novembro.

Em declarações à Lusa, o presidente da Direção do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Jorge Alves, explicou que mudar todo um sistema de um mês para o outro é “inaceitável”, sobretudo porque os guardas prisionais irão continuar a fazer horas extraordinárias não remuneradas.

“Já trabalhamos muito para além do horário de trabalho”, disse.

Além da alteração do horário, Jorge Alves afirmou que os guardas prisionais estão sobretudo “indignados” pelas declarações proferidas pelo diretor-geral dos serviços prisionais, Celso Manata, que afirmou “não ser compatível os guardas terem dois ou três empregos ao mesmo tempo”.

“Obviamente admito que possa haver algum descontentamento, mas as pessoas que escolheram ser guardas prisionais não é para serem também picheleiros ou taxistas ou empreiteiros”, referiu Celso Manata na segunda-feira, à margem da assinatura de um protocolo da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) com o instituto de oftalmologia Gama Pinto, em Lisboa.

“O diretor-geral demonstrou na Comunicação Social detestar o corpo da guarda prisional, nunca vimos outro diretor nacional a insultar e tratar desta forma os que diariamente trabalham com dignidade e profissionalismo”, asseverou Jorge Alves.

Para o sindicalista, Celso Manata “nada tem a ver” com aquilo que os guardas prisionais fazem na sua vida pessoal e fora do seu serviço, sublinhando que o seu objetivo é “amordaçar e atacar” estes profissionais.

Jorge Alves acrescentou que os guardas prisionais estão a preparar novas formas de luta para demonstrar o seu descontentamento.

Presente na concentração, Pedro Silvério, em funções na prisão de Viana do Castelo, adiantou que “por várias vezes” Celso Manata demonstrou não gostar dos guardas profissionais, mas apesar de não gostar deve “respeitá-los”.

Os guardas prisionais estão fartos de ser tratados assim, parece que somos um mal necessário para o serviço”, frisou.

Em comunicado, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais indica que “as alterações que virão a ser implementadas permitirão uma organização do trabalho com menores cargas horárias, das quais resultarão, a um tempo, benefícios para a segurança das pessoas e das instalações e também para a vida sócio familiar dos trabalhadores”.

“Este novo horário permitirá atribuir, à grande maioria dos elementos do corpo da guarda prisional, um subsídio de turno e eliminar o trabalho suplementar não remunerado”, sustenta.

Os novos horários dos guardas prisionais vão entrar em vigor antes do final do ano, após a conclusão do curso de admissão para novos guardas a 03 de novembro, anunciou segunda-feira o diretor-geral dos serviços prisionais.

Os novos horários dos guardas prisionais pressupõem ciclos de trabalho mais pequenos e uma diminuição das horas extraordinárias não pagas, o que significa, segundo o diretor, que os profissionais “vão ter menos desgaste e vão estar mais atentos”.

 

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