Produtores criticam destruição de leite português na Galiza

A Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac) e a Leicarcoop - Cooperativa dos Produtores de Leite criticaram a destruição de leite português ocorrida esta segunda-feira na Galiza, noticia a Lusa.

Um grupo de agricultores da Galiza derramou mais 25 mil litros de leite de Portugal que estava a ser transportado para uma fábrica na região, num protesto visando um «preço digno» para o leite galego.

A acção visou um camião cisterna da empresa de Barcelos «A Fornecedora» que se dirigia para a fábrica da Corporación Peñasanta - de que faz parte a leitaria Larsa - e que foi travado em Lugo.

O protesto, apoiado pelos sindicatos Asaja-Xóvenes Agricultores (XXAA), Unións Agrarias (UU.AA.) e Sindicato Labrego Galego (SLG), surge depois de manifestações, nos últimos meses, contra a importação de leite de Portugal a preços mais baratos que os praticados na Galiza.

O secretário-geral da Asaja-Xóvenes Agricultores, Francisco Bello, disse que o acto de hoje se inseriu nos protestos «contra as constantes ameaças» de redução de preços por parte das indústrias lácteas regionais.

«Sentimo-nos na obrigação de denunciar perante a opinião pública que a indústria ameaça os agricultores - de que ou baixam os preços ou deixam de comprar - e ao mesmo tempo vão, pelas costas, comprar leite a França e a Portugal», disse.

Apresentada queixa

Contactada pela Lusa, fonte de «A Fornecedora» referiu que o motorista do camião apresentou queixa à Guardia Civil espanhola, que fez o registo da ocorrência.

Segundo a mesma fonte, os autores do protesto levaram as guias de transporte do leite, pertencente à Leicarcoop.

Em comunicado, esta cooperativa «lamenta profundamente o acontecimento» e refere que «vai fazer chegar junto do Ministério da Agricultura o seu mais vivo protesto, de forma a que a situação não se volte a repetir».

«Este incidente acontece numa altura em que o [preço do] leite no produtor desceu a pique em toda a Europa, pese a subida dos factores de produção e a manutenção do preço no consumidor final», salienta a Leicarcoop.

Contactado também pela Lusa, o secretário-geral da Fenalac, Fernando Cardoso, também lamentou o incidente, sublinhando que atitudes deste tipo «prejudicam muito mais quem as toma».

«Não é com estas acções de prejuízo, violência e algum espectáculo que se resolve o problema», afirmou Fernando Cardoso, salientando que os produtores portugueses e galegos estão a sofrer de igual forma os efeitos da descida de preço resultante do excesso de oferta de leite.

O secretário-geral da Fenalac realçou que Portugal está a importar mais leite de Espanha do que a exportar, estando sobretudo a crescer no mercado ibérico o leite proveniente de França a preços mais baixos.

Desde 1 de Abril que todos os países da União Europeia estão a produzir mais dois por cento de leite, respeitando um aumento de quotas decidido pela Comissão Europeia, mas o consumo está estagnado.