Covid-19: manifestantes arremessam garrafas contra PSP e queimam caixões no Porto - TVI

Covid-19: manifestantes arremessam garrafas contra PSP e queimam caixões no Porto

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  • 13 nov 2020, 17:58

Cerca de mil empresários da restauração, bares, discotecas e similares juntaram-se na Avenida dos Aliados na manifestação "A Pão e Água" contra as novas restrições na restauração no combate à pandemia

Um grupo de empresários do setor da restauração, bares e comércio arremessaram esta sexta-feira garrafas contra agentes da PSP e queimaram caixões durante uma manifestação na Avenida dos Aliados, no Porto.

Este protesto, que começou cerca das 16:00 e reúne mais de mil empresários a contestar medidas que consideram restritivas impostas pelo Governo de António Costa para travar a pandemia de covid-19, resultou em “desacatos” com a polícia que o está a controlar, constatou a Lusa no local.

Além do arremesso de garrafas contra elementos das forças de segurança, os manifestantes colocaram caixões [simbolizando a morte do setor] a arder, obrigando a intervenção policial.

Autarca do Porto considera "dramática" situação do setor da restauração

O presidente da Câmara do Porto afirmou esta sexta-feira que a situação no setor da restauração e similares é “completamente dramática” e que são “necessários mais apoios”, considerando que antes de março ou abril “dificilmente as circunstâncias voltam ao normal”.

Aquilo que se passa neste setor é uma situação completamente dramática, estamos a falar de dezenas de milhares de postos de trabalho perdidos ou em vias de ser perdidos, medidas de financiamento que foram dadas a pequenas empresas que não resolvem nada, apenas adiam o problema”, afirmou Rui Moreira.

Depende muito de quanto tempo esta situação vai demorar, mas se nós razoavelmente fizermos a previsão que, antes de março ou abril as dificilmente as circunstancias voltam ao normal, acho que são precisos mais apoios”, referiu, defendendo que “desta vez” o apoio deve ter por base a faturação e realidade das empresas.

Tem de ser financiamento direto às empresas, um pouco como, alias, na quinta-feira já foi anunciado pelo primeiro-ministro. Tem de ser em função daquilo que era a faturação das empresas e a realidade das empresas”, disse o independente Rui Moreira.

E acrescentou: “Quando me dizem que isto não se aplica a empresas que têm dividas à segurança social, peço desculpa estas empresas têm dividas à segurança social porque tiveram de pagar ao pessoal. Diria que aqui tem de ser empresas que em março e abril estavam em dia com a sua segurança social e impostos”.

Questionado sobre os apoios por parte da autarquia, Rui Moreira disse que a mesma já tinha anunciado a isenção de taxas e licenças até ao final do próximo ano.

Estamos a pensar em fim de 2021 da isenção de taxas e licenças. Também tivemos durante muito tempo a isenção total de pagamento aqueles que são inquilinos municipais, neste momento, está a 50% e admitimos passar a 100% se for caso disto”, revelou.

Questionado ainda sobre o dever de recolher obrigatório, Rui Moreira não se quis pronunciar, dizendo apenas que a autarquia tentou “sempre fazer o contrário”.

Depois das medidas tomadas, manda quem pode, obedece quem deve. Da parte da cidade, tentamos sempre fazer o contrário, alargar os horários naquilo que nos era permitido”, afirmou.

Desacatos em manifestação no Porto são "reflexo do desespero"

 O porta-voz do movimento “A Pão e Água” classificou os desacatos durante a manifestação na Avenida dos Aliados, no Porto, como o reflexo do “desespero” em que os empresários da restauração, bares e comércio se encontram.

Isto [desacatos] é o exemplo claro do estado de desespero em que as pessoas se encontram neste momento”, afirmou à Lusa Miguel Camões, porta-voz do movimento “A Pão e Água” e presidente da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto.

O protesto, que começou cerca das 16:00 e desmobilizou pelas 18:30, reuniu mais de mil empresários a contestar medidas que consideram restritivas impostas pelo Governo de António Costa para travar a pandemia de covid-19 e resultou em “desacatos” com a polícia, constatou a Lusa no local.

Além do arremesso de garrafas contra elementos das forças de segurança, os manifestantes colocaram caixões [simbolizando a morte do setor] a arder, obrigando a intervenção policial.

Segundo Miguel Camões, os desacatos refletem “o estado de desespero” daqueles que depois de “tantos meses em espírito de sacrifício”, não tem “pão para pôr na mesa”.

Convém não perder o foco de que o setor está em grande desespero. Tanto, que se vê em situações destas”, referiu, acrescentando que para a manifestação cada pessoa trouxe os objetos com que “se identificava mais para manifestar”.

À Lusa, agentes da autoridade no local explicaram que os confrontos começaram quando os manifestantes tentavam apagar o caixão que se encontrava a arder junto à estátua de Almeida Garrett, na Praça General Humberto Delgado. 

Em circunstâncias em que nem agentes da PSP ouvidos pela Lusa conseguem clarificar, num momento em que a polícia se aproximou dos manifestantes, estes começaram a arremessar garrafas e pedras contra os agentes e contra uma carrinha policial que se encontrava do lado direito do edifício da Câmara do Porto (no sentido descendente da avenida dos Aliados), verificou a Lusa no local. 

De acordo com a polícia no local, até cerca das 18:50 não tinham sido feitas detenções nem identificações, mas foi necessário um reforço de policiamento na Avenida dos Aliados, tendo sido chamadas mais quatro equipas de intervenção policial, cada uma com cerca de cinco elementos. 

Os ânimos acabaram por se acalmar, ainda antes da chegada do reforço policial.

"Costa: faz outra proposta", "Estão a matar quem não tem covid" e "Nove meses para nascer, nove meses para morrer" são alguns dos cartazes hasteados nas escadarias da Câmara Municipal do Porto e que mostram o descontentamento do setor. 

Munidos de frigideiras, colheres de pau, panelas e outros utensílios, os empresários consideram as medidas de apoio anunciadas pelo Governo "insuficientes". 

 

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