Câmara Municipal de Gaia e paróquia local acusadas de “promiscuidade” - TVI

Câmara Municipal de Gaia e paróquia local acusadas de “promiscuidade”

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  • 13 ago 2020, 13:27
Religião

Na base desta tomada de posição está uma intervenção do presidente da câmara de Vila Nova de Gaia, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, numa eucaristia que teve lugar a 21 de julho

O PSD de Vila Nova de Gaia criticou esta quinta-feira, através de uma carta aberta à Conferência Episcopal Portuguesa, a câmara local de maioria socialista e a paróquia de Santa Marinha, acusando as instituições de "promiscuidade".

"É com manifesta e subida preocupação que temos assistido, nos últimos anos, a uma crescente tentação de dominância e intercorrência entre o poder político e a hierarquia eclesiástica, com especial relevância para a esfera de circunscrição vicarial e paroquial", lê-se na carta aberta que tem como título "Intervenção do presidente da Câmara na Eucaristia em honra de Santa Marinha".

Na base desta tomada de posição está uma intervenção do presidente da câmara de Vila Nova de Gaia, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, numa eucaristia que teve lugar a 21 de julho.

No vídeo, que foi filmada no interior da igreja, e partilhado na rede Youtube, o autarca fala perante a assembleia numa missa.

Para o PSD, que no seu comunicado também cita a Bíblia, "na prática" tratou-se de "uma homilia política enxertada na liturgia da celebração".

"Acreditamos que tal iniciativa se tenha desenrolado sem o beneplácito eclesiástico, pelo menos da Diocese do Porto, não obstante a aparente proximidade entre o prelado e o presidente da câmara, pelo que é da mais elevada importância que a Conferência Episcopal Portuguesa tome conhecimento dos factos e diligencie, no sentido de pôr termo a tais veleidades, a bem do respeito que nos merece a hierarquia e o culto religioso da Igreja Católica", lê-se na carta.

Os sociais-democratas usam ainda a expressão "perigosos caminhos da promiscuidade entre os interesses terrenos e os interesses espirituais" e dirigem críticas quer ao presidente da câmara quer ao pároco de Santa Marinha.

"Parece-nos inaceitável que um presidente de câmara intervenha no múnus sacramental, como se de um qualquer comício ou ação eleitoral se tratasse. Como é, de todo, inaceitável o mau exemplo do senhor padre António Barbosa, pároco de Santa Marinha, em promover esta intervenção, como se dela esperasse um qualquer milagre de natureza social ou económica para a sua paróquia", referem.

A agência Lusa contactou a câmara de Vila Nova de Gaia que não quis comentar.

Já o pároco António Barbosa negou que o autarca tenha feito alguma homilia e convidou o PSD a provar as afirmações sobre "promiscuidade".

"Provem o que estão a dizer porque isso é muito grave. Com afirmações dessas levarei a defesa da honra até às últimas consequências", disse António Barbosa.

Por sua vez, contactada pela Lusa, a Conferência Episcopal Portuguesa remeteu "esclarecimentos para mais tarde caso venha a considerá-los pertinentes depois de se inteirar da situação", disse a fonte.

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