Tal como a TVI adiantou na passada semana o Estado chegou a acordo com os pais da jovem.
“O valor não tem importância nenhuma, é apenas o reconhecimento de que erraram, porque nada paga a perda de uma filha”, assumiu Margarida Lucas à saída do Tribunal de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, onde hoje se soube que o Estado Português vai pagar 200 mil euros aos pais da jovem, após acordo alcançado perante a autoridade judicial.
O caso remonta a 20 de maio de 2011 quando Ana Rita Lucas, de 18 anos, estudante de Direito, caiu de uma altura de cinco a sete metros ao fazer slide no Regimento da Serra do Pilar, no âmbito das atividades do Dia da Defesa Nacional, acabando por morrer nesse dia no hospital.
A mãe da jovem adiantou ainda que, apesar da indeminização, o sentimento continua a ser “muito mau”.
“Acha que há justiça para a morte de uma filha desta forma?! Não há, claro”, disse.
Margarida Lucas frisou que o Estado Português devia ter reconhecido “mais cedo” que teve culpa e não apenas no decorrer do julgamento que iniciou a 27 de abril.
À saída do tribunal, os advogados recusaram prestar declarações.
Após a investigação e um primeiro relatório feito pela Faculdade de Engenharia, o Ministério Público acusou os quatro militares (um sargento, um primeiro cabo e dois soldados) envolvidos na montagem e vigilância do equipamento pelo crime de homicídio por negligência grosseira (punido com pena de prisão até cinco anos), considerando que a queda ocorreu por "falta de cuidado".
Em audiência de julgamento, o sargento afirmou, por diversas vezes, não ter sido responsável pela montagem do cabo de aço do slide, garantindo que, visto a olho nu, o equipamento estava em “excelentes condições”.
Os outros dois soldados implicados salientaram não terem tido qualquer formação para a montagem e verificação do equipamento usado.
Realizado pelo Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da Universidade do Porto (UP), e conhecido no final de 2014, o último relatório pericial atribuiu o acidente à incorreta amarração de um cabo.
O julgamento dos militares prossegue a 03 de julho, pelas 09:15.
A comemoração do Dia da Defesa Nacional, que prevê a convocação de jovens com 18 anos, estava prevista numa lei aprovada em 1999, mas só em 2003 o então ministro da Defesa, Paulo Portas, decidiu avançar com a iniciativa de caráter obrigatório.