Natalidade cai a pique no primeiro trimestre e regista valor mais baixo desde 2015 - TVI

Natalidade cai a pique no primeiro trimestre e regista valor mais baixo desde 2015

  • João Guerreiro Rodrigues
  • com Lusa
  • 12 abr 2021, 10:18

Instabilidade financeira trazida pela pandemia, um menor número de mulheres em idade fértil e menos imigrantes são alguns dos fatores que mais contribuem para o desacelerar da natalidade no país

Portugal registou apenas 18.226 nascimentos nos três primeiros meses do ano, menos 2898 que no ano anterior, segundo dados do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce. Estes números vêm intensificar a tendência de descida registada no ano passado, contrariando a tendência de ligeira subida registada nos anos que marcaram a recuperação económica do país.

Nos primeiros três meses do ano, foram estudados 18.226 recém-nascidos ao abrigo deste programa, conhecido como “teste do pezinho”, menos 2.898 do que em igual período de 2020 (21.124), o que representa uma quebra de 13,7%, revelam dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

O mês de março, em que foram estudados 6.978 bebés, registou um aumento no número de nascimentos face a janeiro (5.646) e fevereiro (5.602), indicam os dados do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce (PNDP).

Instabilidade financeira trazida pela pandemia, um menor número de mulheres em idade fértil e menos imigrantes são alguns dos fatores que mais contribuem para o desacelerar da natalidade no país. Entre 2009 e 2019, Portugal teve menos 204 mil mulheres com idades entre os 25 e os 35 anos, ou seja, no seu período de maior fertilidade.

No ano passado, a professora universitária da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa Maria João Valente Rosa admitiu que o efeito negativo da pandemia na natalidade seria “com certeza forte”, e, para justificar essa descida, sublinhou o efeito da imigração.

Nós sabemos que o contributo de mulheres estrangeiras para o total de nascimentos tem sido, cada vez mais significativo”, correspondendo a 12% dos nascimentos ocorridos em 2019 em Portugal. “Portanto, o facto de algumas mães, porventura, já grávidas, não virem ou saírem do território nacional, pode ter tido, pela via indireta, alguma influência sobre a redução do número de nascimentos”.

Recorde-se que já em 2020, ano marcado pelo aparecimento da pandemia, Portugal registou uma queda na natalidade, com uma diminuição de 2,6% em relação a 2019. Ao todo, nasceram em 2020 cerca de 84.296 bebés, menos 2283 que no ano anterior.

Iniciada a recuperação económica, há cinco anos, o país começou a recuperar a nível da natalidade, com ligeiras variações de ano para ano. Mas em 2020 o país retrocede nessa evolução positiva. No ano de 2014, o país teve o seu registo mais baixo, com apenas 82.367 bebés recém-nascidos. Em 2007, tinha havido 102.492 nascimentos.

O “teste do pezinho” permite diagnosticar algumas doenças graves difíceis de diagnosticar nas primeiras semanas de vida e que mais tarde podem provocar alterações neurológicas graves, alterações hepáticas, entre outras situações.

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