Estas são as maiores dificuldades dos "muito idosos" portugueses - TVI

Estas são as maiores dificuldades dos "muito idosos" portugueses

  • 5 set 2017, 13:46
Idosos

Estudo traça o perfil sociodemográfico e as capacidades sensoriais, funcionais, cognitivas e de comunicação dos mais velhos

As maiores dificuldades dos idosos portugueses relacionam-se com a locomoção e com a visão, revela um estudo que traçou o perfil sociodemográfico e as capacidades sensoriais, funcionais, cognitivas e de comunicação dos mais velhos.

O trabalho, publicado na última edição da Acta Médica Portuguesa, e a que a Lusa teve hoje acesso, revela que:

  • cerca de 57% dos “muito idosos” (pessoas com mais de 80 anos) têm dificuldades em andar ou subir escadas
  • 39,1% apontam problemas de visão
  • 35,1% falam em limitações na audição
  • 34,4% queixam-se de dificuldades de memória e de concentração
  • cerca de 25% indicam constrangimentos na comunicação com os outros

As maiores dificuldades reportadas referem-se à locomoção e à visão. Já a memória e a capacidade de entenderem os outros e de se fazerem não são tão afetadas.

A higiene e a locomoção são as dimensões com uma maior percentagem de incapacidade total: 14,3% dos “muito idosos” são totalmente incapazes de tomarem banho ou de se vestirem sozinhos e 10% não conseguem andar ou subir escadas.

A partir dos 100 anos de idade, todas as incapacidades analisadas assumem números ainda mais expressivos, com cerca 89% dos centenários a referirem que não conseguem ouvir e cerca de 80% sem capacidade ou com muitas dificuldades na realização da sua higiene.

Os muito idosos portugueses apresentam dificuldades significativas nas atividades de vida diária, contudo, as capacidades cognitivas e de comunicação parecem ser comummente mantidas, Estes resultados sugerem a necessidade de assistência funcional, mas que pode ser, em última instância, gerida pelo próprio idoso”.

Tendo em conta as diferenças observadas entre os centenários e os idosos mais jovens, os autores sugerem ainda que sejam “equacionadas intervenções capazes de responder às necessidades potencialmente específicas de cada grupo”, cita a Lusa.

Em Portugal, os “muito idosos” representam 5,6% da população e 26,5% da população com mais de 65 anos de idade (mais de dois milhões de pessoas).

Estes são alguns dos dados publicados no estudo intitulado Functional, Sensorial, Mobility and Communication Difficulties in the Portuguese Oldest Old (80+), da autoria dos investigadores Daniela Brandão, Óscar Ribeiro e Constança Paul, do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (polo do ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto).

Os investigadores quiseram “aumentar o conhecimento sobre este grupo cada vez mais expressivo da população, estabelecer programas de prevenção adequados e implementar intervenções efetivas”.

A informação tem por base os dados dos Censos de 2011, fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), relativos a todos os residentes em Portugal com 80 anos ou mais, num total de 534.219 pessoas, das quais 530.693 (99,7%) têm entre 80 e 99 anos e 1.526 (0,3%) são centenários.

De acordo com os dados recolhidos, cerca de 65% dos “muito idosos” são mulheres, 54% são viúvos, 46% são analfabetos e 42% têm apenas o 4.º ano de escolaridade. Embora a grande maioria destes idosos (88%) viva em casa, 30,7% vivem sozinhos.

Esperança de vida a aumentar

Os dados recolhidos revelam que o número de idosos tem vindo a aumentar nas últimas décadas, juntamente com o aumento da esperança média de vida. Em 2060, deverá atingir os 84,21 anos para os homens e os 89,88 anos para as mulheres.

A tendência é também para um aumento da esperança de vida aos 80 anos: entre 2045-2050, uma pessoa com 80 anos poderá esperar viver mais 11,5 anos. Em 1980-85 anos, esse número ficava-se pelos 6,5 anos.

Apesar do aumento da longevidade, Portugal ocupa o 21.º lugar no ranking da União Europeia no domínio da independência dos mais idosos, o que sugere “a necessidade de dar mais apoio a este grupo da população”, defendem os investigadores.

 

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