Enquanto lava a loiça num alguidar à porta de casa, Maria da Luz deixa escapar que tinha todo o prazer em «não sair da Quinta da Serra».
«Tenho três filhos e um enteado e já estou habituada ao sítio. Não sei como vai ser depois», afirma resignada, enquanto limpa as mãos.
Na rua de baixo um grupo de pessoas acabou de matar e esfolar uma cabra, agora pendurada num arame junto a uma casa onde não chegam as visitas dos inspectores da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE).
O terreno onde vivem estas 200 famílias foi entretanto comprado pelo município, que depois dos realojamentos vai elaborar um plano de pormenor para a área.
A maior parte das famílias que ainda vivem na Quinta da Serra estão abrangidas por programas de realojamento.
Segundo a autarquia, há 57 que entraram no PER Famílias, programa para quem não foi inicialmente recenseado no PER e que ajuda a comprar a casa, responsabilizando a família. Outros 33 casos estão em avaliação.
Aliás, o PER Famílias é a grande aposta da Câmara de Loures, que reconhece que a Quinta da Serra é «o aspecto mais negro do concelho» em matéria de realojamentos.
Como precisa de plano de pormenor e é um caso «mais demorado», as barracas da Quinta da Serra ainda deverão ficar de pé pelo menos mais dois ou três anos.
Famílias recusam sair de bairro degradado (continuação)
- Portugal Diário
- Susana Oliveira da Agência Lusa
- 8 mar 2008, 18:14
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