Lisboa: antigos moradores esperam resposta há 10 anos - TVI

Lisboa: antigos moradores esperam resposta há 10 anos

Quinta da Fonte

«Podem tirar-nos hoje, mas amanhã estamos aqui outra vez», sublinhou moradora

Antigos moradores do Casal Ventoso garantem que estão há 10 anos à espera de uma resposta da Câmara Municipal de Lisboa, motivo que os levou a ocupar casas que se encontravam vazias na Quinta do Cabrinha, avança a agência Lusa.

«Tenho três filhos, um deles com cinco meses, e por isso não posso dormir na rua», disse à Lusa Ana Bogas, uma das moradoras que ocupou seis dos apartamentos destinados a famílias carenciadas no bairro da Quinta do Cabrinha.

As casas foram entretanto desocupadas coercivamente esta quinta-feira, após intervenção da Polícia Municipal, o que gerou revolta nos moradores. Alguns destes insurgiram-se contra a polícia, tendo existido, segundo relataram algumas testemunhas no local, algumas cenas de violência física.

«Isto é uma vergonha, as pessoas a precisarem de casa e fazem-nos isso. Mas isto não fica assim», avisou Helena Glória, outra das visadas.

Os moradores não se conformam com a situação, justificando a revolta com o facto de estarem há 10 anos à espera de uma resposta da autarquia.

«Até hoje ninguém nos disse nada e como estavam aqui estas casas vazias, optamos por tentar a nossa sorte», explicou Ana Bogas que ocupou um dos seis apartamentos no início deste mês.

Contudo, a actuação da Polícia Municipal não dissuade este grupo de moradores que promete resistir às acções de despejo.

«Podem tirar-nos hoje, mas amanhã estamos aqui outra vez», sublinhou Ana Bogas.

Desocupações coerciva do bairro

Na quarta-feira já tinha sido desencadeada uma desocupação coerciva no bairro em frente ao Cabrinha, igualmente de realojamento de moradores do antigo Casal Ventoso.

Depois da desocupação, os ocupantes da casa dirigiram-se ao gabinete da Gebalis no bairro e agrediram funcionários, disse o presidente do conselho de administração da Gebalis, Luís Natal Marques.

Esta quinta-feira foram desocupados no bairro do Cabrinha quatro apartamentos num total de seis fogos ocupados durante o fim-de-semana passado.

O responsável referiu que dois desses apartamentos tinham sido atribuídos a uma família desalojada num incêndio no bairro da Liberdade e a uma família «em estado de carência absoluta», que quando foram habitar os fogos depararam-se com a sua ocupação.

Os seis fogos ocupados tinham sido recuperados, no âmbito de um contrato programa entre a autarquia e a empresa municipal, que prevê a reabilitação de 132 habitações municipais, adiantou Luís Natal Marques.

A Polícia Municipal (PM) deteve hoje duas pessoas que estiveram envolvidas em desacatos no bairro depois de terem ocuparam ilegalmente casas municipais no bairro.

«Fomos chamados ao local devido a uma ocupação abusiva», adiantou à Lusa o comandante da PM, subintendente André Gomes, acrescentando que houve desacatos «como acontece quase sempre nestas situações».

O responsável da PM adiantou que a ocupação ilegal constitui por si só um crime passível de detenção.

Os dois detidos, com cerca de 25 anos, acusados dos crimes de ocupação ilegal de fogos e resistência e coacção a agentes da autoridade, deverão ser presentes a tribunal na sexta-feira.

A Polícia Municipal actuou com o apoio da 4ª Divisão da PSP.
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