Polícia é «repressora e provocadora» - TVI

Polícia é «repressora e provocadora»

Quinta do Mocho

Acusação é feita pelos jovens da Quinta do Mocho na sequência de operações feitas no bairro

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Jovens da Quinta do Mocho, em Sacavém, acusaram sexta-feira a polícia de ser «repressora e provocadora» durante as operações que tem efectuado no bairro e lamentaram a «difícil» relação que mantêm com a PSP, notícia a agência Lusa.

«Custa-nos ver a polícia cada dois minutos a revistar-nos e a perguntar para onde vamos. Sentimo-nos fechados numa jaula», desabafou Ricardo, um dos jovens que sexta-feira à noite participou, num café da Quinta do Mocho, num debate com a associação SOS Racismo e membros do Bloco de Esquerda.

Além de Ricardo, outros jovens, que não quiseram ser identificados, contaram várias desavenças com a polícia e dizem-se alvos de insultos por parte daquela força de segurança.

«Outro dia queria descer do bairro até Sacavém e quando estava a chegar ao fundo da rua fui impedido pela polícia que me mandou subir novamente e ainda me ficou a chamar nomes», contou um dos jovens.

No encontro o tema mais debatido foi a «difícil» relação entre os jovens do bairro e a polícia, de quem os jovens acusam de ser «repressora e provocadora».

Os jovens da Quinta do Mocho lamentaram ainda a «ausência de espaços de lazer» e de um local onde pudessem desenvolver actividades ligadas à música

«Já andamos a pedir a imenso tempo que montem aqui um estúdio para gravar as nossas músicas», disse Ricardo.

Mamadu Ba, dirigente do SOS Racismo e militante do Bloco de Esquerda, escutou as queixas dos jovens e lamentou a estigmatização que se tem feito dos bairros sociais por parte da polícia e do Governo.

«Tenho a certeza que estes jovens não desejam ter confrontos com a polícia, mas sim serem tratados de forma correcta e ter oportunidades para singrar na vida», realçou, considerando que «a polícia tem actuado de forma muito repressiva o que tem provocado um sentimento de revolta e de insegurança».

Segundo Mamudu Ba, «a polícia tem exagerado na forma como aborda estes jovens. A função da polícia é garantir a segurança de todos e não o contrário».

O dirigente acusou o Ministro da Administração Interna, Rui Pereira, de estar a promover a violência ao defender o uso de armas por parte da PSP, sublinhando que «é intolerável que alguém com responsabilidades politicas defenda o recurso à violência».

Confrontado com os recentes acontecimentos naquele bairro e com os resultados das rusgas que se efectuaram no passado dia 27 de Agosto, Mamadu Ba admitiu que operações daquela natureza são necessárias mas que não se deviam restringir aos bairros sociais.

«Porque não fazer uma rusga aparatosa na avenida 24 de Julho (Lisboa), por exemplo», sugeriu.

O dirigente do SOS Racismo, fez ainda um apelo para que não se use os bairros sociais como bode expiatórios, lamentando que quem lá vive acabe por ser «sempre o elo mais fraco e culpado pela onda de violência».

«Não é só nos bairros sociais que estão os problemas, e se aqui existem armas e drogas que investiguem quem as fornece», disse.

No final da reunião Mamadu Ba aconselhou os jovens a apresentar queixa sempre que fossem vítimas dos exageros da PSP.

Em Agosto, um jovem de 20 anos morreu e outros cinco, com idades entre os 16 e os 21, ficaram feridos devido a um tiroteio no bairro.
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