Covid-19: secretário da Saúde dos Açores responsabiliza ex-diretor regional por mortes em lar - TVI

Covid-19: secretário da Saúde dos Açores responsabiliza ex-diretor regional por mortes em lar

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  • 22 dez 2020, 19:05
Rabo de Peixe

Governante reagia a uma questão sobre um óbito de uma jovem na vila de Rabo de Peixe

 O secretário regional da Saúde dos Açores acusou esta terça-feira o anterior diretor regional da área e atual deputado do PS de ser responsável pela morte de 12 utentes de um lar de idosos, devido à covid-19.

Lamento que alguém que foi responsável pelas 12 mortes no Nordeste venha agora colocar uma questão isolada nos termos em que colocou”, afirmou Clélio Meneses, ouvido pela Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa, por videoconferência, na sequência de um requerimento do PS sobre questões relacionadas com a covid-19.

O governante reagia a uma questão do deputado socialista Tiago Lopes, anterior diretor regional da Saúde e anterior responsável pela Autoridade de Saúde Regional, sobre um óbito de uma jovem na vila de Rabo de Peixe.

Não são propriamente as circunstâncias em que ocorreu o óbito que nos preocupam, mas sim naquilo que diz respeito à comunicação entre as diversas entidades do Governo Regional e autoridades de saúde com as famílias, atendendo a que o constrangimento que ocorreu foi com a própria cerimónia fúnebre. Houve uma situação com o núcleo familiar em que, ao que parece, terá havido uma incompreensão com os cuidados ‘post mortem’ com o corpo”, referiu Tiago Lopes.

O antigo diretor regional da Saúde não reagiu à acusação do atual secretário regional sobre a morte de 12 utentes num lar de idosos no Nordeste, quando assumia funções de responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional.

Sobre o caso concreto do óbito registado em Rabo de Peixe, de uma jovem com menos de 30 anos, o presidente da Comissão de Acompanhamento da Luta contra a Pandemia nos Açores, Gustavo Tato Borges, disse que a utente tinha “várias comorbilidades, obesidade, hipertensão e diabetes” e que o Ministério Público entendeu não ser necessário fazer autópsia, acrescentando que a comunicação com a família seguiu “os trâmites normais”.

Questionado por outros partidos sobre as responsabilidades dos óbitos registados no lar do Nordeste, Clélio Meneses disse não ter qualquer informação sobre este assunto.

Não recebi qualquer informação sobre isso de nenhuma entidade. Dos assuntos cujas competências foram transferidas pela minha antecessora nada foi referido relativamente a esta matéria”, sublinhou.

Tiago Lopes criticou também a forma como foi implementada a obrigatoriedade de realização de testes de despiste do novo coronavírus para os passageiros que viajam de Terceira e São Miguel para outras ilhas, alegando que não foi divulgada atempadamente a lista de laboratórios convencionada.

Em reação, Clélio Meneses acusou o anterior executivo de ter publicado um decreto regulamentar sem acautelar que existiam condições para a implementar.

Foram certificados laboratórios, foram convencionados laboratórios, criou-se condições nas várias ilhas para as equipas de colheita poderem funcionar e, para além disso, identificámos todas as questões essenciais para resolver o problema das pessoas. E quando tudo isto estava em condições para ser posto em prática, foi posto em prática”, frisou.

Questionado pelo deputado socialista sobre os critérios que justificam que os testes não sejam obrigatórios para os passageiros que se desloquem entre as ilhas de São Miguel e Terceira, Gustavo Tato Borges disse que os testes são realizados para “evitar a propagação do vírus para as ilhas que não têm neste momento casos de transmissão comunitária”.

Temos a ilha de São Miguel e da Terceira com risco moderado, a taxa de incidência quinzenal em tendência decrescente, mas com transmissão comunitária, o que faz com que nas viagens entre a ilha Terceira e a ilha de São Miguel não haja benefício nenhum em fazer teste de rastreio, pois havendo transmissão comunitária vamos tirar meia dúzia de casos e não haverá qualquer impacto na taxa de incidência”, justificou.

O presidente da comissão reforçou que o número de novo casos nos Açores está “a diminuir” e que o aumento de cadeias de transmissão não é preocupante.

É normal haver mais cadeias de transmissão havendo transmissão comunitária. A única razão pela qual não se parou de descrever esta situação foi porque as pessoas estão habituadas a isso. Esta informação não traz relevância para aquilo que é o risco na população”, afirmou.

Nos Açores foram detetados 1.698 casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, verificando-se 21 óbitos e 1.237 recuperações.

Atualmente, existem 353 casos positivos ativos, sendo 270 em São Miguel, 79 na Terceira, três no Faial e um no Pico.

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