Patrícia Mamona fez uma publicação no Instagram a acusar a discoteca Lux Frágil, em Lisboa, de lhe ter barrado a entrada por causa do tom de pele. A atleta portuguesa tentou aceder ao espaço de diversão noturna, na noite de quinta-feira, mas viu-lhe negada a entrada porque, segundo conta no Instagram, o grupo "não se enquadrar no perfil da Lux".
Quando vês pessoal a entrar de chinelos e sem convite mas (ya vou ser simpática) te tratam de maneira diferente porque tu e os teus black friends bem vestidos e tal não se enquadram ao perfil da LUX", escreve.
Com a atleta do Sporting estavam vários amigos, entre os quais David Lima, atleta do Benfica, que no Twitter apelou ao boicote ao "Lux Frágil" pela "perfilagem racial" do espaço. Quando questionado por um utilizador se tinha sido barrado à porta por causa da cor da pele, o atleta respondeu de forma sucinta.
Vou dizer assim:
— David LIMA (@lima_d__) 14 de setembro de 2018
0% de pretos entraram
90% de brancos entraram
Horas depois, Patrícia Mamona voltou a usar a rede social para esclarecer o post que fez e pedir aos seguidores para não se envolverem em "conflitos verbais". Num longo post, a atleta esclarece que essa não é a sua "intenção" e que apenas fez a publicação porque ficou "triste com a maneira como os colegas foram tratados".
"Porque estando eu do lado oposto, com outro segurança, foi algo diferente. Este reconheceu-me e falou super bem comigo e perguntei-lhe porque é que estavam a fazer isso com os meus colegas (não estou triste por ter sido rejeitada, porque este nem foi o caso). Apenas queria saber porque é que lhes fizeram isso e se era possível darem me um argumento plausível para tal a situação. Mas era um “Feeling”", escreve.
A atleta lembra ainda que "quem não estava lá não sabe o que aconteceu e nem do que foi dito".
"Admito que posso ter sido incorreta da minha parte usar o termo “black friends”(e por isso vos peço desculpa, mas todos que lá estavam presentes perante a sucessão de acontecimentos pensaram o mesmo, eu do lado oposto a ter uma conversa tranquila com uns dos seguranças e do outro lado os meus amigos a verem carradas de pessoas a entrarem sem qualquer tipo de questionário, não lhes cobram o mesmo valor de entrada, entre outros; acreditem que eu também detesto quando as pessoas usam “racial card” como desculpa das coisas más que acontecem, sou black e penso isso até é demais; tipo ah não tenho emprego porque sou black, neps às vezes é mesmo porque não estudaste) mas também aqueles que criticam negativamente podem estar a ser incorretos ao criticarem esta situação particular quando que nenhum vocês não estava presente".
Depois de pedir desculpa a quem gosta do espaço de diversão noturna, a atleta - que pede para não ser comparada com a tenista Serena Williams - esclarece que a "situação foi facilmente resolvida" da maneira que o grupo considerou correta: "Fomos embora e pronto".
"Como muitos dizem aqui, deal with it Patrícia , percebi a mensagem! Racismo ou não, não sei, espero que e tenha sido ilusão minha, discriminação provavelmente, mas já passou! Aos meus amigos que diziam que nunca mais iam lá voltar, opa deixem-lá... Eles lá tem as suas ter as suas razões... Por favor não me chamem de Serena Williams, estou apenas a ser eu, e desculpem se ofendi alguém por ser eu. Tenho uma época desportiva muito difícil pela frente e é nisso que tenho que me focar. Aprender a lidar com as situações que aparecem por mais difícil que sejam , o caminho é em frente, tudo isto é uma lição de vida. Vamos dar a volta por cima e deixar bem claro aos meus amigos estrangeiros que nós Portugueses sabemos SIM tratar bem das pessoas, e não é só porque alguém que estava de mau humor não os deixou divertir uma noite numa discoteca que temos que voltar para casa tristes... há outros sítios para ir e para a próxima isto já não acontece. Foi apenas um segurança que não deixou entrar... amanhã o outro deixa!", conclui.
No Twitter, vários utilizadores não conseguiram ficar indiferentes à situação e reagiram à decisão da discoteca falando em racismo, relembrando o caso de Nélson Évora quando foi barrado à porta da discoteca Urban Beach, em 2014, quando estava acompanhado por outros atletas como Francis Obikwelu, Naide Gomes e Susana Costa.
NÃO DEIXARAM A PATRICIA MAMONA ENTRAR NO LUX POR SER NEGRA E MULHER!!#RACISMO
— João D (@joaomatoso2) 14 de setembro de 2018
Primeiro o Nelson Évora, agora a Patricia Mamona. Vai ver o Lux não é racista é só contra pessoal do triplo salto.
— Nuno Sá (@nsascp) 14 de setembro de 2018
vamos todos fingir q é uma surpresa haver porteiros d discoteca q barram a entrada a pessoas? Ou pq são pretos, ou pq são homens, ou pq não são conhecidos? A Patricia Mamona não foi barrada por ser preta, foi barrada por não a terem reconhecido, caso contrario até podia ser azul!
— Rui Pina (@camandro) 14 de setembro de 2018
Óbvio! Nem nunca mais lá punha os pés e fazia questão de espalhar a palavra tal como ela o fez. Mas não me posso esquecer que isto acontece todos os dias a dezenas de pessoas há anos e a Patricia Mamona só desde ontem é q vai deixar de lá ir! Percebes?
— Rui Pina (@camandro) 14 de setembro de 2018
É triste se for verdade,o grupo pode ter sido barrado ñ pela cor da pele mas pelo histórico de comportamentos,até porque eu só queria ganhar um Euro por cada pessoa branca barrada à porta da LUX!
— António Pinto (@pintomondim) 14 de setembro de 2018