Testemunha contou em tribunal como mulher alegadamente raptada lhe pediu ajuda em Faro - TVI

Testemunha contou em tribunal como mulher alegadamente raptada lhe pediu ajuda em Faro

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  • 7 jan 2021, 19:33

Luso-canadiano de 36 anos está acusado de ter raptado duas mulheres, de nacionalidades brasileira e britânica

Uma testemunha no processo em que um homem é acusado de raptar e violar duas mulheres no Algarve relatou esta quinta-feira em tribunal como uma delas lhe pediu ajuda através de uma mensagem num papel num centro comercial de Faro.

A testemunha foi ouvida no Tribunal de Faro em mais uma sessão do julgamento de um homem acusado de 14 crimes, praticados em 2019 e cuja detenção ocorreu depois de uma das alegadas vítimas ter pedido ajuda a um funcionário do centro comercial.

Donald Fernandes, luso-canadiano de 36 anos, está acusado de ter raptado duas mulheres, de nacionalidades brasileira e britânica, em dias distintos do mês de maio de 2019, que depois terá alegadamente violado, agredido e ameaçado de morte.

Em tribunal, o funcionário que recebeu o papel com a mensagem, Iuri Ramos, de 22 anos, relatou que uma “rapariga estrangeira” lhe fez “sinal” e apontou para um papel que estava no chão, tendo depois continuado o caminho sozinha até que regressou à mesa onde estava.

Segundo a testemunha, a mulher, que agiu “de forma disfarçada”, pedia na mensagem, escrita em inglês, para que chamasse um segurança, o que Iuri fez, tendo ido depois à sala de vigilância do Fórum Algarve para identificar o local onde estava a rapariga.

O funcionário voltou ao seu local de trabalho, na zona da restauração daquele espaço comercial e ainda assistiu à chegada da polícia, sublinhando que a mulher parecia “nervosa, mas não em pânico”.

Segundo a acusação, a que a Lusa teve acesso, os crimes alegadamente perpetrados por Donald Fernandes aconteceram em casas do arguido, em Albufeira e em Boliqueime, no concelho de Loulé, onde as vítimas ficaram retidas durante vários dias.

O primeiro caso envolveu a cidadão brasileira Layla da Silva, que o arguido conheceu num bar em Albufeira, disponibilizando-se para regularizar a sua situação de permanência no país.

Dois dias depois de se terem conhecido, em 16 de maio de 2019, encontraram-se na casa do arguido em Albufeira e, quando a vítima mostrou vontade de regressar a casa, Donald tê-la-á agredido com um taco de golfe, ameaçando-a de morte.

A mulher foi depois levada para outra casa, em Boliqueime, mas acabaria por conseguir fugir, em 21 de maio.

A outra vítima, a britânica Lauren Caton, que na altura trabalhava num bar em Vilamoura, onde se conheceram, ficou retida nessa mesma casa entre 27 de maio e 05 de junho, numa situação idêntica que envolveu agressões, violações e ameaças.

Em 5 de junho a britânica – que estava acompanhada de Donald e da sua companheira, Soukayna El Khayati, pediu ajuda no centro comercial Fórum Algarve, deixando um papel a um funcionário de um restaurante onde tinha escrito que chamasse um segurança.

Outras das testemunhas, Tatiana Homem de Gouveia, advogada do arguido na altura dos factos, relatou, por sua vez, que numa tarde recebeu uma chamada de Donald a pedir-lhe para ir ter com ele àquele centro comercial pois tinha sido interpelado pela polícia.

Os agentes disseram à advogada que “havia uma confusão com uma rapariga” e a testemunha, que disse pensar que teria havido uma discussão, dirigiu-se ao terraço exterior na zona da restauração onde a mulher estava sentada, sozinha.

Entretanto, a mulher disse-lhe “que queria ir embora, mas não tinha dinheiro” e a testemunha pediu a Donald que lhe desse o dinheiro que tinha na carteira para que esta pudesse abandonar o local, o que acabou por fazer.

Donald explicou-lhe que se tratava de uma das raparigas que ia contratar para o bar de ‘striptease’ que ia abrir em Vilamoura – tal como a primeira vítima, a cidadã brasileira -, mas que, entretanto, desistira de fazê-lo após uma discussão.

A advogada deu à mulher um cartão de visita e, uns dias mais tarde, foi contactada por Lauren, pedindo-lhe que dissesse a Donald para lhe “dar o seu dinheiro de volta”, que quantificou em 450 libras, ao que Donald retorquiu que a mulher era “louca”.

No dia em que a Polícia Judiciária fez buscas na casa de Donald, o arguido voltou a ligar à advogada, que contou que quando se apercebeu que a situação poderia estar relacionada com essa mulher, decidiu não intervir, pois poderia vir a ser testemunha.

Tatiana Homem de Gouveia, que reconheceu ter desenvolvido uma relação pessoal com o arguido, disse ainda em tribunal que nunca sentiu que ele tivesse propensão à violência, embora admitisse que havia “muitas discussões” e “muitos gritos” entre ele e a companheira.

Donald Fernandes está acusado de dois crimes de rapto agravado, seis de violação, dois de ameaça agravada, dois de ofensa à integridade física qualificada e dois de furto.

O julgamento tem nova sessão marcada para 08 de fevereiro às 14:00 e para dia 02 de março estão previstas as alegações finais.

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