Greve da função pública com "forte adesão" afeta escolas, hospitais e atendimento ao público - TVI

Greve da função pública com "forte adesão" afeta escolas, hospitais e atendimento ao público

Setores de recolha de lixo e higiene urbana foram os mais afetados durante a noite

A greve da função pública está a afetar vários setores durante esta sexta-feira. 

Durante a noite, setores como o da recolha do lixo e de higiene urbana foram fortemente afetados pela greve e, durante esta manhã, escolas, hospitais e serviços sociais estão a ser fortemente afetados com a falta de profissionais dos respetivos setores.

Escolas encerradas ou a meio-gás

O ensino é um dos setores mais afetado pela greve da função pública. Apesar de ainda não haverem dados relativamente à adesão à greve, a TVI24 esteve em vários pontos do país para confirmar de que forma esta paralisação está a afetar alunos e pais. 

Em Coimbra, na Escola Secundária Quinta das Flores, as aulas vão estar condicionadas para cerca de 1200 alunos daquela estabelecimento de ensino. Não haverá aulas, à exceção das turmas de 5º e 6º ano.  A TVI24 sabe, por isso, que a escola estará encerrada a partir das 14:00.

Hospitais em serviços mínimos no turno da noite

A maioria dos hospitais dos grandes centros urbanos estiveram apenas a assegurar os serviços mínimos no turno da noite, disse à Lusa o coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública.

A esmagadora maioria dos serviços estiveram em serviços mínimos. O turno da manhã está a iniciar-se agora com os processos de rendição de trabalhadores e ainda vamos ter de avaliar. Ainda assim, durante a noite a greve foi bastante expressiva no setor da saúde, na recolha do lixo, nos centros educativos, nos centros de vigilância eletrónica”, adiantou Sebastião Santana.

De acordo com o coordenador da Frente Comum, estes dados relativos ao turno da noite demonstram a justeza da greve com uma grande adesão dos trabalhadores.

O que esperamos para durante o dia é um grande impacto também noutros setores esses já mais tradicionais abertos ao público durante o dia. Vamos ter de avaliar, mas tudo indica que será uma boa greve da Administração Pública porque as revindicações são justas e é a prova que é oportuna [a greve] tanto que os trabalhadores estão a aderir à greve”, destacou.

Sebastião Santana justificou a greve com um conjunto de problemas que dura há mais de 10 anos e que não têm tido qualquer resposta deste Governo e dos que lhe antecederam.

“Falamos da questão salarial. É preciso lembrar que os trabalhadores da Administração Pública vão para o 13.º ano sem aumentos. O que houve neste período foi duas atualizações de acordo com a inflação desse ano, nunca recuperando o poder de compra perdido”, disse.

"Forte adesão durante a noite", dizem sindicatos

A greve da função pública registava "forte adesão" ao início da noite de quinta-feira, sobretudo "nos setores de recolha de lixo e higiene urbana", disse hoje o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL).

Nos primeiros serviços de recolha noturna a entrar em funcionamento – Almada, Amadora, Évora, Loures, Odivelas, Palmela, Moita e Seixal – registou-se uma adesão de 100%, não tendo sido efetuada a recolha de lixo e serviços de higiene urbana noturna nestes concelhos", indicou o STAL, em comunicado.

"Lisboa, Sintra e Funchal, por seu lado, registaram uma adesão muito significativa, tendo a recolha sido fortemente afetada", acrescentou.

Para o STAL, "os dados conhecidos até ao momento na Administração Local e Regional revelam uma forte adesão à paralisação convocada pela Frente Comum, e são um sinal claro de que os trabalhadores das autarquias estão de acordo com as razões desta greve".

A Câmara Municipal de Lisboa tinha alertado na quinta-feira que o sistema de recolha de lixo na cidade poderia sofrer perturbações, devido à greve, e apelou a que “não se abandone o lixo na rua”.

A greve da função pública, marcada pela Frente Comum para hoje, começou ao final da noite de quinta-feira também nos hospitais.

Em comunicado, o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar afirmou que se "solidariza com esta ação reivindicativa" e apelou à adesão de todos os membros.

A Frente Comum (CGTP) reivindica aumentos de 90 euros para todos os trabalhadores e um salário mínimo de 850 euros na administração pública, mas o Governo vai fazer uma atualização salarial de 0,9%.

Na quarta-feira, realizou-se uma nova ronda negocial com a equipa do Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, mas o Governo não alterou a sua proposta, estando agendada nova reunião para a próxima semana.

Na quinta-feira, o coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Sebastião Santana, disse à Lusa que "os motivos para a greve" se mantinham.

"O Governo não nos deixa alternativa porque não resolve os problemas dos trabalhadores, porque não quer", considerou Sebastião Santana.

O sindicalista disse ainda acreditar que "a luta de [hoje] vai certamente levar o Governo a perceber os erros que tem cometido e ainda vai a tempo de mudar de atitude".

Segundo o líder da Frente Comum, os efeitos da paralisação deverão ser mais visíveis nos serviços com atendimento ao público, como a saúde e a segurança social.

Como é habitual, a greve deverá levar ao encerramento de muitas escolas por todo o país, afirmou ainda Sebastião Santana.

O sindicalista lembrou que esta é uma greve de todos os trabalhadores da Administração Pública, porque tem a ver com a falta de resposta do Governo à proposta reivindicativa comum que a estrutura sindical apresentou ao executivo socialista, e que inclui aumentos salariais, revisão de carreiras e do sistema de avaliação.

"Existe uma predisposição geral para a greve porque os problemas para os quais exigimos resposta são comuns a todos os trabalhadores", disse Sebastião Santana.

A Federação dos Sindicatos da Administração Pública (UGT) também tinha marcado uma greve para hoje contra a desvalorização dos salários e carreiras da Administração Pública, mas desmarcou-a na semana passada, face ao cenário de dissolução da Assembleia da República, por entender que "a mobilização dos trabalhadores deve ser aproveitada para um momento mais adequado", nomeadamente para a discussão do futuro Orçamento do Estado para 2022, caso não seja melhor do que aquele que foi chumbado.

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