Combate à obesidade: Portugal na linha da frente - TVI

Combate à obesidade: Portugal na linha da frente

Lata de refrigerante

Estudo vem provar associação direta entre obesidade infantil e consumo de refrigerantes. O governo irlandês prepara-se para taxar estas bebidas, algo que já se pratica em Portugal

O estudo dos padrões de consumo de refrigerantes em mais de 1000 crianças irlandesas em idade escolar, apresentado no Congresso Europeu da Obesidade, mostra que as crianças obesas ou com excesso de peso bebem mais refrigerantes que as crianças com peso normal.

Os autores deste estudo, liderado por Janas Harrington, professora da University College Cork, na Irlanda, defendem que taxar estas bebidas açucaradas, em combinação com outras medidas de saúde pública, podem ajudar a combater a obesidade infantil.

O Governo irlandês prevê a introdução deste imposto em 2018. Em Portugal, essa medida já foi colocada em prática. Desde 1 de fevereiro que os refrigerantes encareceram até 16,5 cêntimo por litro. O dinheiro arrecadado será canalizado para a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde

Os especialistas alertam que a epidemia da obesidade - cerca de 170 milhões de crianças têm excesso de peso – é uma crise de saúde pública com a possibilidade de reverter tendências positivas no que respeita à esperança de vida, por exemplo.

Os investigadores irlandeses analisaram informação de 1075 crianças, entre os 8 e os 11 anos. Foram analisados, por exemplo, os diários alimentares para aferir do consumo de refrigerantes. Concluíram que uma em cada cinco crianças (18%) com consumo energético considerado normal tinham excesso de peso ou eram obesas. A maioria dos participantes consumia refrigerantes. Em média, cada participante ingeria o equivalente a uma lata destas bebidas por dia.

De acordo com os dados do estudo, os refrigerantes contribuíam com uma média de 6% das calorias ingeridas e representavam quase um quarto (22%) do consumo de açúcar.

Janas Harrington aplaude a medida do Governo irlandês de taxar as bebidas açucaradas, mas considera que talvez demore a refletir-se no resultado final: "É improvável que a introdução do imposto tenha um impacto direto a curto prazo sobre os níveis de obesidade, é mais provável que tenha impactos indiretos, tais como a redução do consumo destas bebidas, aumento do consumo de bebidas não açucaradas, como água, reformulação do produto ou mudar as atitudes públicas."

Beba mais água, pela sua saúde

Um outro estudo, realizado em Espanha e também apresentado no Congresso Europeu sobre Obesidade mostra que substituir um refrigerante açucarado ou uma cerveja por dia por um copo de água pode reduzir o risco de se tornar obeso em 20%. A investigação foi levada a cabo na Universidade de Navarra.

Neste estudo, os autores examinaram o impacto da substituição de um refrigerante ou cerveja por um copo de água por dia sobre a incidência de obesidade e excesso de peso. Seguiram, durante uma média de 8, 5 anos, 15.765 adultos que não eram obesos no início do estudo. A ingestão de bebidas foi avaliada no início do estudo e as informações sobre o peso foram atualizadas a cada dois anos.

Durante o seguimento, 873 participantes tornaram-se obesos. Os resultados mostraram que beber um copo de água por dia, em substituição de uma cerveja, reduziu o risco de obesidade em 20%. A substituição de um refrigerante açucarado por água estava associada a um risco 15% menor de desenvolver obesidade.

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