Reduzir vagas em Lisboa e Porto não garante alunos no interior - TVI

Reduzir vagas em Lisboa e Porto não garante alunos no interior

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  • 22 fev 2018, 15:06

Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas diz que a proposta pelo Governo ainda não foi alvo de avaliação

O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) considera que uma redução de vagas nas instituições de ensino superior de Lisboa e do Porto, proposta pelo Governo, não garante que os alunos irão para o Interior.

Em declarações à agência Lusa, o presidente de CRUP, António Fontainhas Fernandes, sublinhou que a proposta sobre distribuição de vagas no ensino superior apresentada pelo Ministério do Ensino Superior ainda não foi alvo de avaliação pelo conselho de reitores e, por isso, ainda não existe uma posição sobre a proposta que defende a redução de 5% das vagas das seis instituições públicas de Lisboa e Porto.

“O despacho deve ser avaliado na globalidade e só iremos tomar uma posição depois do próximo plenário”, sublinhou António Fontainhas Fernandes, lembrando que a redução de vagas é apenas um dos pontos da proposta.

A ideia da proposta é contrariar a tendência de concentração cada vez maior de alunos nas instituições de ensino superior situadas em Lisboa e no Porto: Atualmente, quase metade dos estudantes do ensino superior (48%) encontra-se naquelas duas regiões.

Tendo em conta apenas a pós-graduação - mestrados e doutoramentos - Lisboa e Porto têm 60% dos estudantes, segundo dados da tutela.

Enquanto reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTMAD), António Fontainhas Fernandes entende que a medida agora anunciada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior “por si só não significa que os alunos queiram ir para o interior”.

Para António Fernandes, são precisas várias ações coordenadas e um bom exemplo de medidas que poderão fazer a diferença é o Roteiro da Inovação e Tecnologia, apresentado na semana passada em Matosinhos, onde foram assinados protocolos de cooperação entre instituições de renome internacional e instituições portuguesas.

O roteiro prevê a cooperação com a Universidade de Carnegie Mellon (EUA), Massachussetts Institute of Technology (EUA) ou Fraunhofer-Gesellschaft (Alemanha), entre outras.

“Estas ações é que podem atrair jovens qualificados”, sublinhou o reitor, considerando que estas são “novas formas de intensificar o interior”.

O reitor lembrou ainda o declínio demográfico que se tem vindo a verificar no país e que no futuro deverá refletir-se no número de alunos que se candidatam ao superior.

O reitor sublinhou que as instituições de ensino superior podem ser “âncoras de esperança para fixar pessoas”.

Em entrevista à Antena 1, Manuel Heitor explicou que a redução de vagas nas instituições de ensino superior de Lisboa e do Porto deverão acontecer de forma gradual nos próximos anos para tentar equilibrar os números.

“O despacho deve ser avaliado na sua globalidade e em breve o conselho de reitores vai reunir-se e tomar uma posição sobre o despacho que tem por base as recomendações da OCDE”, sublinhou o presidente do CRUP.

Neste momento está a decorrer a discussão do projeto de despacho com o CRUP e o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), para que a decisão possa ser tomada até maio.

Além da reforma do regime legal de graus e diplomas, o ministério está “a tentar melhor regular o sistema”, através do reforço e estímulo da especialização da pós-graduação, em estreita colaboração com o reforço da capacidade científica e de inovação.

“Estimular a mobilidade de estudantes entre o 1º e 2º ciclos (com o fim dos mestrados integrados), quer entre instituições, quer entre áreas de formação” é outra das medidas que a tutela quer que sejam aplicadas de forma graduais e “sempre a acordar com as instituições”.

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