RASI: há quase dois mil portugueses detidos no estrangeiro - TVI

RASI: há quase dois mil portugueses detidos no estrangeiro

  • CM
  • 29 mar 2018, 22:31
Prisão [Reuters]

Número aumentou no ano passado e pode ser ainda maior, uma vez que no Relatório de Segurança Interna só estão contabilizados os detidos que informaram os serviços consulares portugueses

O número de portugueses detidos no estrangeiro aumentou no ano passado, cifrando-se nos 1.942 cidadãos, mais 155 do que em 2016, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) divulgado nesta quinta-feira.

Dos quase dois mil cidadãos portugueses presos em países estrangeiros, 589 estavam em Espanha, 365 em França e 259 no Reino Unido.

Contudo, alerta o relatório, estes valores podem não refletir o número total, já que a informação diz apenas respeito aos detidos que informaram os serviços consulares portugueses.

Por outro lado, 637 cidadãos portugueses foram deportados ou expulsos dos países onde estavam detidos, dos quais 391 (61%) da Europa, nomeadamente Reino Unidos, Franca e Suíça.

Outros 246 cidadãos portugueses foram deportados/expulsos do Canadá (103), Estados Unidos, Brasil e Angola.

Segundo o RASI, a criminalidade violenta e grave diminuiu 8,7% no ano passado, em relação a 2016, enquanto os crimes gerais aumentaram 3,3%.

O relatório reúne os indicadores de criminalidade registados pela Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública, Polícia Judiciária, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Polícia Marítima, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, Autoridade Tributária e Aduaneira e Polícia Judiciária Militar.

Uma centena de detidos por abuso sexual de crianças

O abuso sexual de crianças levou à detenção de 101 pessoas em 2017, segundo o RASI.

No que respeita a crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual, o relatório revela que 332 pessoas foram detidas, mais 99 pessoas em relação a 2016.

A maioria das detenções teve por base o crime de abuso sexual de criança, seguido do crime de violação, com 53 detidos, e pornografia de menor, com 37.

A maioria dos detidos por abuso sexual de criança é do sexo masculino (98).

Relativamente a arguidos, há uma predominância no escalão etário 31-40 anos e índices considerados bastante representativos nos escalões etários 21-30 e 41-60 anos.

As vítimas têm entre 8 e 13 anos e, à semelhança do ano anterior, 44,5% dos crimes são cometidos por familiares.

No que respeita ao crime de violação, o relatório revela que os arguidos são maioritariamente do sexo masculino e que em 55% dos casos existe uma relação familiar ou de conhecimento.

Crimes informáticos aumentaram e vão continuar a crescer

Os crimes informáticos com recurso a tecnologia registaram um “aumento generalizado” em 2017, com destaque para o acesso indevido ou ilegítimo, devassa por meio informático, falsidade e sabotagem, segundo o RASI.

Estes crimes mantêm a tendência de subida, com mais 175 casos em 2017 em relação a 2016, o que representa um acréscimo de 21,8%.

Entre as tipologias, registaram-se o ano passado 470 crimes de acesso ou interceção ilegítima, 249 sabotagens informáticas, e 196 crimes de falsidade.

Em contrapartida, em comparação com 2016, as autoridades registaram menos 36% de crimes de pornografia de menores.

Quanto ao número de arguidos constituídos, à semelhança dos crimes cometidos o número também subiu, sendo a tabela liderada pela burla informática e nas comunicações com 367 arguidos (mais 37 que em 2016), tendo as autoridades detido 26 pessoas e colocado oito em prisão preventiva.

O acesso ilegítimo ou indevido deu origem a 43 arguidos, seguindo-se a falsidade informática com 25 (mais nove)

O relatório indica também que, em matéria de criminalidade informática e cibercrime, é previsível um aumento dos seguintes modus operandi: APT (advanced persistent threat), interligação de botnets (redes de computadores infetados por bots semelhantes) e códigos bancários maliciosos (malware).

Por outro lado, deverá diminuir a venda de dados pessoais e os casos de hacktivismo, através dos quais os piratas informáticos tentam passar mensagens ativistas de várias causas.

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