Casamento gay: «Não haverá referendo por iniciativa da Igreja» - TVI

Casamento gay: «Não haverá referendo por iniciativa da Igreja»

No entanto, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa garante que estará pronto a «formar consciências» se o referendo se realizar

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O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse, esta quinta-feira, que há um distanciamento entre a sociedade civil e os órgãos de Governo, pelo que defendeu «um debate» sobre os casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

«Parece-nos sem dúvida nenhuma que é muito importante um debate [sobre o casamento homossexual] porque este distanciamento entre a sociedade civil e os órgãos de Governo, particularmente os órgãos legislativos, está a acentuar-se cada vez mais e importaria que o diálogo e que a reflexão chegasse também um pouco ao povo», afirmou D. Jorge Ortiga, citado pela Lusa.

Bispo admite debate alargado sobre casamentos gay

Na conferência de imprensa após o encerramento dos trabalhos de mais uma Assembleia Plenária dos bispos, que terminou esta quinta-feira em Fátima, o arcebispo primaz de Braga declarou que «não basta ter um número no programa eleitoral, não basta também numa campanha eleitoral, uma vez ou outra, ter abordado esta questão».

«Parece-nos que é importante e fundamental reflectir e fazer com que aquilo que poderá porventura vir a ser uma decisão seja também consciencializada por parte da população», acrescentou.

Jorge Ortiga afirmou ainda ser importante que os órgãos «mais ligados à parte legislativa saibam também legislar tendo presente aquilo que o povo pensa e aquilo que o povo quer».

Quanto à possibilidade de haver um referendo sobre esta matéria, recusou dizer se apoia ou não a sua realização. «A nossa preferência é por este debate alargado. O referendo pode ser como que uma consequência e uma expressão desse debate», disse, assegurando que o referendo «não será tomado» por iniciativa da Igreja.

No entanto, «se ele surgir, as pessoas podem contar com o nosso apoio e, naturalmente, com a nossa orientação» no objectivo de «formar consciências», disse.

Reiterando que esta é «uma questão estruturante da sociedade portuguesa», Jorge Ortiga acrescentou que «a Igreja, através dos sacerdotes, tem o dever e a obrigação de formar as pessoas», podendo ser o actual momento aproveitado «para elucidar, para formar, para levar um conhecimento da verdadeira doutrina». No entanto, garantiu que não iria exortar os padres a fazerem-no nas homilias.

«Rejeição» ao casamento gay

A questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo consta também no comunicado final da Assembleia Plenária da CEP.

«Havendo projectos para legalizar as uniões entre pessoas homossexuais concedendo-lhes o estatuto de casamento, os bispos portugueses manifestam pública rejeição a que este tipo de uniões possa ser equiparado à família estavelmente formada através do casamento», lê-se no comunicado.

O mesmo documento refere que «todo o respeito é devido a todas as pessoas, também às pessoas homossexuais, mas este respeito e compreensão não podem reverter na desestruturação da célula base da sociedade que é a família baseada no verdadeiro casamento».
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