Crucifixos: ateístas ficaram satisfeitos - TVI

Crucifixos: ateístas ficaram satisfeitos

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Associação Portuguesa aplaude veredicto do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos de que a exibição de crucifixos nas salas de aula viola a liberdade religiosa dos alunos

A Associação Ateísta Portuguesa aplaude o veredicto do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos de que a exibição de crucifixos nas salas de aula viola a liberdade religiosa dos alunos. Os ateístas lusos reagem assim com satisfação ao que consideram ser «a decisão histórica» do tribunal de Estrasburgo e apelam ao Governo para que «exerça vigilância» sobre os «abusos que ainda persistem».

UE não quer crucifixos nas aulas

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, sediado em Estrasburgo, França, pronunciou-se terça-feira, de forma unânime, sobre uma queixa de uma italiana que pediu a retirada dos crucifixos das salas de aula de uma escola pública onde os filhos estudavam.

Em comunicado difundido na terça-feira à noite, e citado pela Lusa, a Associação Ateísta Portuguesa defende que «a escola laica é o reflexo de um Estado laico, onde, ao contrário dos Estados confessionais, a liberdade não é apanágio da religião oficial, mas um direito de todos, igualmente conferido aos ateus, cépticos, agnósticos e livres pensadores».

«Reduzir o espaço de confronto religioso entre os fundamentalistas de várias religiões é contribuir para a paz e a liberdade, dois valores fundamentais da democracia», refere o mesmo comunicado.

Os ateístas portugueses apelam ao Governo para que «exerça a vigilância que deve em relação aos abusos que ainda persistem, por incúria, nas escolas e nos hospitais públicos».

A mesma opinião tem a Associação República e Laicidade, que esta quarta-feira pediu ao Ministério da Educação que envie uma circular às escolas públicas. A associação pretende que sejam retirados das salas de aula os símbolos religiosos, nomeadamente os crucifixos.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação República e Laicidade, Ricardo Alves, disse que também foi solicitado ao Ministério da Educação que no ofício proíba as escolas públicas de realizarem cerimónias religiosas durante os períodos de funcionamento lectivo.

Famílias de Braga falam em «cristianofobia»

A Associação Famílias de Braga considera que a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos contra a exposição de crucifixos nas salas de aulas demonstra que a Europa vive tempos de «cristianofobia».

O presidente daquele organismo católico, Carlos Aguiar Gomes, diz à Lusa que se vive na Europa uma situação de verdadeira perseguição ao cristianismo, à sua memória e aos seus símbolos. «Esquecem-se que, se lhe retirarem o cristianismo, a Europa fica sem nada», critica.

Carlos Aguiar Gomes argumenta que «há na Europa uma minoria que impõe a sua vontade à maioria dos cidadãos». Este responsável acredita que aos «não-cristãos» não incomoda a presença na escola do crucifixo, «um símbolo da construção europeia».

«A mim não me incomoda nada a presença de um símbolo budista ou hinduísta numa sala», refere.

O Governo italiano decidiu entretanto recorrer da sentença do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos por considerar que é «ideológica» e atenta contra a tradição.

A mesma sentença foi acolhida com «surpresa» e «tristeza» pelo Vaticano, que vê no crucifixo um sinal de «união e oferecimento do amor de Deus».
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