Covid-19: Portugal prevê repatriar mais 200 cidadãos nacionais da Venezuela - TVI

Covid-19: Portugal prevê repatriar mais 200 cidadãos nacionais da Venezuela

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  • 28 jul 2020, 00:14
Bandeira da Venezuela

Repatriamento acontece devido à quarentena preventiva da Covid-19. No entanto, “continua a ser obrigatório que tenham residência” em Portugal para que sejam repatriadas

Portugal prevê repatriar na sexta-feira mais 200 cidadãos nacionais que ficaram retidos na Venezuela devido à quarentena preventiva da covid-29, disse o cônsul-geral de Portugal em Caracas.

“São à volta de 200 portugueses que vão viajar neste voo, a esmagadora maioria com destino ao Funchal. Temos cerca de 40 italianos, alguns venezuelanos e espanhóis, no voo do dia 31 (sexta-feira)”, disse Licínio Bingre do Amaral.

Em declarações à agência Lusa, o diplomata explicou que para as pessoas que pretendam ser repatriadas da Venezuela “continua a ser obrigatório que tenham residência” em Portugal.

Licínio Bingre do Amaral admitiu haver “umas ligeiras exceções”, como “de pessoas que têm uma situação de saúde muito complicada e têm de ir fazer tratamento médico”.

“Isso são exceções que nós permitimos”, salientou.

Questionado sobre como tem sido o relacionamento com as autoridades venezuelanas na coordenação, com Portugal, deste voo, o segundo organizado pelos consulados portugueses, o cônsul-geral respondeu existir “colaboração total”.

“Desde o Ministério dos Negócios Estrangeiros venezuelano à vice-presidência, na parte da autorização dos voos, tem sido excelente. E o vice-ministro dos Transportes Aéreos, o almirante Vieira Acevedo, tem sido muito, muito, colaborador e deu-nos todo o apoio para a elaboração dos voos até este momento”, adiantou.

Desde março, 257 portugueses foram repatriados da Venezuela, 181 deles em 13 de junho, num voo organizado por Portugal.

Pelo menos 76 portugueses regressaram a Portugal noutros voos organizados pela União Europeia, Espanha e França.

O novo voo, organizado por Portugal, está marcado para a próxima sexta-feira e “o custo de cada bilhete de avião é de 821 euros”, afirmou Licínio Bingre do Amaral.

Apenas os cidadãos comprovadamente residentes em Portugal ou noutro país europeu tiveram acesso à compra de bilhetes.

Os portugueses que queiram ser repatriados deverão informar o consulado e enviar uma fotocópia do passaporte português e, no caso dos cidadãos com dupla nacionalidade, também uma cópia do passaporte venezuelano.

Devem ainda apresentar comprovativos de residência em Portugal ou noutro país europeu, indicar a cidade e morada completa onde se encontram atualmente na Venezuela, um endereço de 'e-mail' e números de telefones fixos e de telemóvel.

 

Mais de mil pedidos de nacionalidade na quarentena

O Consulado-Geral de Portugal em Caracas processou, desde o início da quarentena da covid-19 na Venezuela, mais de mil pedidos de nacionalidade que registavam alguns atrasos, mantendo-se a funcionar para atender os casos urgentes, foi anunciado esta segunda-feira.

“Este ano processámos mil e tal [pedidos] de nacionalidade, já no período da quarentena, que estavam com algum atraso”, disse o cônsul-geral em Caracas, Licínio Bingre do Amaral.

Em declarações à agência Lusa, o diplomata explicou que “o consulado nunca deixou de funcionar”.

“Esteve, numa primeira fase, a trabalhar em ‘backoffice’, essencialmente, a finalizarmos processos que estavam a entrar, nomeadamente, processos de nacionalidade que estavam a ser preparados, e isso permitiu que fossem finalizados e que avançassem, que as pessoas já tivessem a nacionalidade portuguesa”, precisou.

Segundo Licínio Bingre do Amaral, o consulado tem respondido a “questões de emergência”, como “documentos de identificação, passaportes, procurações urgentes” de pessoas que tinham, por exemplo, “dado sinal para comprar um terreno ou uma casa e, se não fosse feita a procuração, perderiam esse sinal”.

“Nós sempre estivemos a funcionar por emergência, mediante marcação. Basicamente é só mandar um ‘e-mail’, para cgcaracas@mne.pt, dizer o que pretende e é feita a marcação”, declarou o diplomata, reconhecendo que devido às atuais restrições de circulação tem sido difícil para os utentes do interior do país chegar até ao consulado na capital venezuelana.

“Há muito controlo de segurança, barreiras policiais. Nalguns casos nós emitimos uma declaração, dizendo que vêm cá fazer um passaporte ou um cartão (de cidadão) e as pessoas têm conseguido chegar, mas houve outros casos em que, infelizmente, a polícia não os deixou passar”, referiu.

Segundo Licínio Bingre do Amaral, o consulado continuará aberto, mas, por razões de segurança, “não como era até há uns meses”.

“As pessoas têm de manter um distanciamento social e, portanto, o número de utentes é limitado, para que não esteja muita gente dentro do consulado. Há um protocolo de segurança que se tem de cumprir, que passa por tirar a temperatura, desinfetar (as mãos), os sapatos, mas está a ser ponderada a hipótese de colocar uma cabine de desinfeção à entrada”, adiantou.

Questionado sobre eventuais casos do novo coronavírus entre a comunidade portuguesa na Venezuela, o cônsul-geral explicou que houve “informação de um proprietário de uma padaria em Caracas, que ele e a família terão tido a covid-19”.

“Estiveram internados, mas, felizmente, não houve consequências maiores. Foi feito o tratamento e foi feita uma recuperação”, destacou.

O cônsul-geral disse ainda estar em contacto permanente com os clubes portugueses no país, alguns dos quais estão a aproveitar a quarentena para “fazer uma renovação das instalações”.

Na Venezuela estão confirmados 15.463 casos de pessoas infetadas e 142 mortes associadas ao novo coronavírus. Estão também dados como recuperados 9.746 pacientes.

O país está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.

Os voos nacionais e internacionais estão restringidos até 12 de agosto e a população impedida de circular entre as diversas regiões do país.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 650 mil mortos e infetou mais de 16,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 

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