Estudantes usam «crowdfunding» para comprar repúblicas - TVI

Estudantes usam «crowdfunding» para comprar repúblicas

Universidade de Coimbra (Lusa/Paulo Novais)

Repúblicas dos Fantasmas e da Rapó-Táxo, em Coimbra, apostam no sistema de angariação de fundos para conseguirem comprar as casas, que foram postas às venda por 600 mil euros

Os estudantes das Repúblicas dos Fantasmas e da Rapó-Táxo, em Coimbra, não querem perder essas casas, que foram postas à venda por 600 mil euros. Por isso, decidiram recorrer ao crowdfunding, um sistema de angariação de fundos, de forma a garantirem financiamento para a compra.

É que os herdeiros do senhorio «colocaram à venda» os dois imóveis, no Bairro Sousa Pinto, em Coimbra, onde se situam as duas repúblicas desde 1969, contou Hugo Gageiro, repúblico na Rapó-Táxo. «É uma corrida contra o tempo». «É a venda da identidade» de espaços que «estiveram presentes na candidatura de Coimbra a Património Mundial» que está em causa, realçou.

Hugo Cageiro diz que a conquista dessa distinção por parte da cidade «não serviu de nada» para as repúblicas e há outras para além destas que também estão em situações de risco.

Na Rapó-Táxo, a ajuda e apoio «dos antigos» repúblicos é fundamental, quando a média de idades dos que lá habitam é de «20 ou 21 anos».

Entretanto, estão já a ser pensadas também outras formas de garantir fundos para a compra da casa. A Câmara de Coimbra e a Universidade terão também já sido abordadas. «Já tentámos marcar reunião com a Câmara há quase dois meses, que tinha mostrado interesse nas repúblicas, mas ainda não nos respondeu».

Mário Lança, da República dos Fantasmas, referiu que, para além do sistema de crowdfunding, os repúblicos daquela casa também estão a pensar «em algumas estratégias», em parceria com «os antigos». Uma das possibilidades é criar-se um «sistema de quotas», para um pagamento faseado.

Já em dezembro, devido à nova Lei do Arrendamento, mesmo sem a venda da casa, a renda poderá passar para 785 euros, valor que considera «muito difícil de suportar» pelos estudantes que lá moram. A moradia «tem problemas estruturais no telhado e na fachada» e a casa «só está de pé devido às obras» feitas pelos repúblicos ao longo dos anos, salientou, esperando que seja possível uma negociação desse valor. «Na pior das hipóteses», quando acabar o regime de transição, «põem-nos daqui para fora sem qualquer negociação».

A República dos Fantasmas já angariou na plataforma 5.140 euros e a República Rapó-Táxo 10.115 euros, sendo dez mil de fundos próprios que colocou na campanha.

O apoio é feito online nos sites dos projetos de crowdfunding. A campanha decorre até abril de 2015.
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