Ljubomir, Rui Paula e Alexandre Silva são alguns dos cozinheiros que lançaram um apelo à união no sector da restauração
Vários chefs portugueses uniram-se nas redes sociais para pedir que o Governo tome medidas claras e objetivas no que respeita à restauração, para ajudar a ultrapassar a crise gerada pela pandemia de Covid-19.
Ljubomir Stanisic é um dos cozinheiros que pede um esclarecimento sobre as consequências para o negócio da restauração. Numa publicação no Instagram, o responsável por espaços como o 100 Maneiras e o 100 Maneiras Bistro afirma que “todos temos o potencial de vir a sofrer ou conhecer quem venha a sofrer desta doença. E não há como negar que o mundo em que vivemos hoje é diferente daquele que conhecíamos antes de sabermos de cor o nome Covid-19”, diz Ljubomir.
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O chef adianta que foram ampliadas as medidas de precaução nos seus restaurantes em assuntos relacionados com “os protocolos de higienização”, tal como o recurso “ aos stocks existentes para diminuir a frequência de encomendas e assim reduzir a entrada de novos produtos, aumentando a disponibilidade de produtos de desinfecção e vigiando atentamente o estado de saúde de todos os nossos colaboradores”.
Também o Chef Rui Paula afirma que nunca pensou que esta pandemia viesse afetar os negócios de uma maneira tão rápida e incisiva.
No facebook, o galardoado com duas estrelas Michelin, afirma que “os cancelamentos não param de chegar”, traduzindo-se em quebras de faturação “de 60%”.
Escrevo este texto nesta altura, porque estou à espera que o nosso governo tome medidas claras e objetivas no que respeita à restauração, para ajudar a ultrapassar esta crise. Se não forem tomadas medidas drásticas e de rápida implementação, metade dos estabelecimentos hoteleiros/restauração de Portugal fechará as suas portas. As empresas necessitam de estar minimamente saudáveis aquando da implementação dessas medidas e não já na fase de prejuízo, se não a recuperação após covid-19 será de extrema dificuldade”, afirma o cozinheiro nortenho, sublinhando que em todos os seus restaurantes foram reforçadas as regras de HACCP - a análise de perigos e pontos críticos de controle e cuidados no contacto com os clientes.
Os efeitos do novo coronavírus atingiram o restaurante SÁLA, que, “dadas as circunstâncias e interesses de saúde pública e com crescente preocupação pelos seus clientes, colaboradores e familiares”, decidiu encerrar a partir desta sexta-feira e temporariamente, como medida preventiva face ao surto e crescente ameaça da pandemia COVID-19.
O chef Alexandre Silva admite também que o ambiente vivido nos seus restaurantes é de desespero.
A todas as horas recebemos cancelamentos de reservas que tínhamos, como eu existem outros restauradores que estão a passar pelo mesmo problema. Falo com desespero, porque vamos atravessar o maior deserto de sempre e muitos não vão conseguir chegar ao fim”, diz Alexandre Silva.
Dessa forma, o chef pede às entidades competentes que coloquem em prática soluções para ajudar as empresas a ultrapassar esta situação.
“Sem trabalho as pessoas não vão poder ter qualidade de vida e dificilmente conseguiremos que o mundo volte a andar em tempo útil. Apelo a todos os Cozinheiros e Empresários que unam as vozes e que lutem pelo bem estar da economia”.
Do restaurante Euskalduna, no Porto, Vasco Coelho Santos afirma que utilizou todos os contactos das reservas dos atuais ministros, tal como António Costa, para lançar o alerta da necessidade de “um grande remédio”.
Governo, instituições competentes, este é um apelo, um grito de ajuda. Uso esta arma da visibilidade, para pedir em meu nome, em nome da minha empresa, dos meus empregados, da minha família, mas também em nome de todos os chefes de cozinha e empresários de hotelaria que estão a sofrer como nunca antes sofreram. Estamos em agonia! Mesmo tendo instaurado (ainda mais) rigorosas medidas de higiene e segurança no trabalho, sucedem-se as demarcações, os cancelamentos.”, afirma o jovem chef no Instagram.
O alerta global gerado pela pandemia de Covid-19 levou também ao adiamento do jantar Matéria, no restaurante Feitoria, com data marcada para 28 de março.
Ainda assim, o restaurante afirma que vai continuar de portas abertas e que implementou e reforçou todas as normas instituídas pela Direção-Geral de Saúde.
Oferecemos a máxima segurança e continuamos a garantir aos nossos clientes a qualidade gastronómica e serviço que nos distingue”, afirma o restaurante na sua página oficial do Instagram.