Cenário de “enorme escassez, precariedade e conflitualidade" persiste nos hospitais - TVI

Cenário de “enorme escassez, precariedade e conflitualidade" persiste nos hospitais

Ricardo Mexia analisou este sábado a evolução da pandemia em Portugal e destacou a "escassez de recursos humanos e de meios crónica" no setor da saúde

O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia alertou este sábado para a permanência de um cenário de “enorme escassez, precariedade e conflitualidade no setor da saúde” e reiterou que todas as hipóteses têm de estar em aberto para um aumento generalizado de casos de covid-19 no país.

Em entrevista à TVI24, Mexia sublinha que as dificuldades registadas nos hospitais, nomeadamente em termos de falta de meios e de recursos humanos não é nova e não advém dos anos de pandemia. 

Antes da pandemia já existia escassez de recursos humanos e de meios crónica há demasiado tempo. Enquanto não se resolver esse problema de fundo, naturalmente que haverá sempre maior pressão nos invernos e maior dificuldade em lidar com essa maior procura”, destaca o especialista.

Mexia critica ainda o facto de não terem sido concretizadas grande mudanças para contrariar essa realidade, ainda que os profissionais de saúde, durante um ano e meio, se tenham unido em torno do prestamento de “melhores cuidados de saúde à população”. 

Relativamente ao aumento do número de casos em Portugal - este sábado o boletim da DGS aponta para mais de 1.800 novos infetados -, Mexia pede um olhar racional.

Apesar de um aumento importante de número de casos, temos uma relativamente reduzida taxa de internamentos e, em relação à mortalidade, um volume bastante reduzido face ao que já vivemos em Portugal”, diz.

O especialista salienta ainda que não era inesperado que os números voltassem a subir, fruto do inverno e da retoma das atividades económicas. “Apesar de tudo, o impacto naquilo que verdadeiramente interessa, a hospitalização e a mortalidade, está ainda em níveis reduzidos”, explica.

Observando o confinamento parcial de três semanas declarado nos Países Baixos, e no rescaldo do Congresso Europeu de Saúde pública, Ricardo Mexia diz verificar-se um aumento da incidência “nos países com menor cobertura vacinal e com menos restrições”. Pelo que apela a um reforço da testagem e da vacinação para que o país possa evitar medidas mais restritivas, no que diz respeito à circulação de pessoas e restrições nas atividades económicas.

As palavras do presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública surgem no mesmo dia em que o secretário de Estado Adjunto e da Saúde reforçou o apelo à vacinação dos idosos e assegurou que “todos os cenários estarão sempre em aberto” quanto à necessidade de medidas para responder ao aumento de casos de covid-19.

A nossa primeira preocupação é exatamente esta: vacinar, vacinar, vacinar, porque percebemos que é muito importante que as faixas mais vulneráveis da nossa população possam ser o mais rapidamente possível vacinadas, precisamente pelo aumento de casos que verificamos na Europa, em toda a Europa, portanto temos que defender a nossa população, temos que defender o nosso país”, afirmou António Lacerda Sales.

No âmbito de uma visita ao centro de vacinação de Odivelas, instalado no Pavilhão Multiusos deste concelho do distrito de Lisboa, pelas 12:00, acompanhado da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, do coordenador do núcleo de coordenação do plano de vacinação contra a Covid-19, coronel Carlos Penha-Gonçalves, e do presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Hugo Martins (PS), o secretário de Estado Adjunto e da Saúde revelou que hoje, em pouco mais de duas horas, foram administradas em todo o país 12 mil vacinas contra a covid-19 e 17 mil vacinas contra a gripe.

Questionado sobre a necessidade de medidas, inclusive controlo de fronteiras no Natal, para responder ao aumento de casos de covid-19 em Portugal, nomeadamente a previsão de o país ultrapassar dentro de 15 a 30 dias os 240 casos de infeção a 14 dias por 100 mil habitantes, Lacerda Sales respondeu: “O que é preciso é irmos fazendo uma avaliação e uma ponderação em função da evolução epidemiológica, eu acho que isso é que é muito importante e abrir sempre todos os cenários em função dessa evolução”.

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