Operação Marquês: Zeinal Bava viajou de Londres para "esclarecer tudo" ao juiz - TVI

Operação Marquês: Zeinal Bava viajou de Londres para "esclarecer tudo" ao juiz

Ex-presidente executivo da Portugal Telecom é suspeito de ter recebido de Ricardo Salgado mais de 25 milhões de euros como pagamento de luvas

O antigo presidente da PT Zeinal Bava, um dos arguidos na Operação Marquês, esteve esta quarta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, onde foi ouvido durante cerca de oito horas, no âmbito da fase de instrução do processo.

No final do interrogatório, o antigo presidente da PT recusou-se a falar aos jornalistas, ao contrário do que tinha acontecido quando chegou, pelas 14:00, às instalações do Tribunal Central de Instrução Criminal.

Contudo, fonte ligada ao processo disse que Zeinal Bava admitiu ao juiz de instrução Ivo Rosa conhecer o ex-presidente do BES Ricardo Salgado, com quem teve reuniões, mas ressalvou que não era “visita de casa”.

Segundo a mesma fonte, o antigo presidente da operadora de telecomunicações assegurou que as decisões tomadas não eram apenas dele e que “todo o dinheiro utilizado serviu para comprar ações da empresa”.

O interrogatório a Zeinal Bava foi o mais longo, até ao momento, da fase de instrução. O ex-presidente da PT foi um dos 19 arguidos a pedir a abertura de instrução.

Zeinal Bava fez, nesta fase, prova documental, mas o juiz Ivo Rosa pretendeu ouvi-lo pessoalmente, pelo que determinou a sua presença no tribunal, razão pela qual o antigo gestor da PT se deslocou de Londres a Lisboa.

O ex-presidente executivo da Portugal Telecom é suspeito de ter recebido de Ricardo Salgado mais de 25 milhões de euros como pagamento de luvas, para que, enquanto alto responsável, intercedesse nos negócios da empresa a favor do Grupo Espírito Santo.

À chegada ao tribunal, Zeinal Bava disse que tinha o direito a não falar, mas que viajou de Londres "justamente para vir aqui ao Parlamento e esclarecer tudo".

Acho que é importante dizer àqueles que durante anos me achincalharam, por causa do infeliz acontecimento no Parlamento, que chegou agora o momento de, com serenidade, aqui no Parlamento, aliás no tribunal, tudo esclarecer e é isso que pretendo fazer", afirmou.

O antigo CEO da PT disse, também, aos jornalistas que "um dia destes" falará à imprensa, mas que agora não é o momento.

Tudo o que tenho a dizer vou dizer no tribunal", insistiu.

Relativamente ao processo no qual é arguido, Zeinal Bava já tinha afirmado anteriormente que não podia ser acusado de crimes que não cometeu, uma vez que não tinha de declarar os 25 milhões de euros, porque não eram seus.

Apesar de os 25 milhões de euros terem sido depositados numa conta sua em Singapura, Zeinal Bava explicou que serviu apenas de fiel depositário desse dinheiro, que serviria para comprar ações da PT.

Cinco anos depois devolveu parte desse dinheiro - 18 milhões, mas o juiz de instrução, Ivo Rosa, quer esclarecer não só esta operação como pretende saber o que aconteceu ao resto do dinheiro.

No próximo dia 8 de julho, será a vez de Ivo Rosa ouvir Ricardo Salgado, sendo que ainda falta ouvir o principal arguido, o antigo primeiro-ministro José Sócrates.

O antigo presidente da PT está acusado por corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada.

Para o Ministério Público, entre finais de 2007 e 2011, Zeinal Bava recebeu mais de 25 milhões de euros através de uma sociedade do Grupo Espírito Santo.

Para a acusação, o ex-primeiro-ministro José Sócrates, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, antigo gestor da PT, terão recebido dinheiro para atuarem no interesse do ex-presidente do BES Ricardo Salgado na PT.

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