Poluição no Tejo: Governo obriga empresa a reduzir descargas em 50% - TVI

Poluição no Tejo: Governo obriga empresa a reduzir descargas em 50%

  • CM
  • 26 jan 2018, 20:12

Ministro do Ambiente diz que não está a atribuir responsabilidade direta à Celtejo, de Vila Velha de Ródão, pelo manto de espuma que cobre o rio na zona de Abrantes

A remoção da espuma que cobre o Tejo em Abrantes, a redução da atividade da empresa Celtejo e a retirada de sedimentos do fundo de albufeiras foram medidas anunciadas pelo Governo nesta sexta-feira, devido à poluição registada recentemente no rio.

Numa conferência de imprensa em Abrantes, no distrito de Santarém, após uma reunião com várias entidades, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, disse que foram mobilizados seis camiões para a remoção da espuma nas margens do Tejo, junto ao açude de Abrantes.

Estes camiões estiveram em testes ao final da tarde e no sábado “iniciarão a sua função de forma regular”.

Não se resolve desta forma o problema da poluição, mas reduziremos em parte o seu impacto visual e impediremos que a mesma poluição proceda para jusante. Temos no Tejo um problema de poluição que se torna visível no açude de Abrantes, mas que tem a sua origem a montante", observou o ministro, indicando que, nos últimos três dias, as autoridades realizaram análises à agua e à espuma, cujos resultados estarão disponíveis na próxima quarta-feira (21 janeiro).

Foram ainda colocados "amostradores durante 24 horas nas três maiores ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) perto do local onde nos encontramos e nas três maiores indústrias a montante no rio", prosseguiu, afirmando que nesta outra medida de intervenção "os resultados das análises em contínuo estarão disponíveis na segunda-feira, dia 5 de fevereiro".

Segundo João Matos Fernandes, "o fenómeno da poluição que hoje sentimos no Tejo é resultado da libertação da matéria orgânica depositada sob a forma de sedimentos no fundo das albufeiras do Fratel e de Belver, provocada por anos de funcionamento das indústrias aí localizadas e da reduzida precipitação do último ano, que não diluiu essa carga orgânica". E que "a regular atividade de produção de energia dos últimos dias, com elevados mas normais caudais, provocou a sua libertação".

No sábado tem também início um levantamento topo-hidrográfico para determinar a quantidade de sedimentos que é necessário retirar do fundo das albufeiras de Fratel e Belver.

Temos de reduzir a matéria orgânica existente nestas duas albufeiras”, precisou o ministro, indicando que a empresa de celulose Celtejo (que opera no concelho de Vila Velha de Ródão, já no distrito de Castelo Branco) foi notificada para reduzir em 50% o volume de efluente rejeitado, o que obriga a uma redução da sua atividade durante 10 dias.

O ministro explicou que "nessa data, passados 10 dias, o valor do oxigénio dissolvido, parâmetro básico da qualidade da água, terá de atingir os cinco miligramas (mg) por litro", tendo Matos Fernandes dado "como ponto de comparação" que "aqueles valores eram, no dia 24, de 1,1 miligrama por litro".

O governante adiantou que, "se passados estes 10 dias (...) o valor de 5 mg não for atingido, pode ser reduzido ainda mais o volume de efluente rejeitado, podendo chegar-se à suspensão temporária da laboração".

João Matos Fernandes sublinhou, contudo, que não está a ser atribuída responsabilidade direta à Celtejo no mais recente incidente de poluição no Tejo, registado desde quarta-feira.

Estamos a afirmar que o Tejo mudou. Tem menos água, menos capacidade de dissolver a matéria orgânica e não suporta a carga orgânica que hoje está a receber”, justificou.

Por isso, na próxima quinta-feira arranca uma limpeza dos fundos das albufeiras, que demorará cerca de um mês, de acordo com a previsão do Governo.

Entretanto, explicou o ministro do Ambiente, a elétrica EDP “comprometeu-se a reduzir a sua atividade de turbinamento ao caudal mínimo, conservando a água nas albufeiras enquanto se procede à limpeza dos fundos".

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