Lisboa está mais vazia, morreu o «Senhor do Adeus» - TVI

Lisboa está mais vazia, morreu o «Senhor do Adeus»

O «Senhor do Adeus»

João Manuel Serra, o homem que dizia adeus às pessoas no Saldanha, Restelo ou na Rua da Escola Politécnica morreu, a cidade perdeu a sua empatia, esse «milagre»

João Manuel Serra começou a dizer adeus às pessoas na rua, por acaso, a ideia surgiu quando pensou na cidade «como se fosse uma aldeia», onde todas as pessoas se conhecem.

Dizia adeus, diziam-lhe adeus, e ele continuava sem uma explicação, «nunca saberei como começou esta empatia», «para mim é um milagre». «Não quer dizer que não tenha havido uma ou duas pessoas que já me chamaram maluco», acrescenta.



A notícia da morte do Senhor do Adeus foi surgindo ao longo da noite no Facebook e confirmada, à agência Lusa, por Filipe Melo, realizador de cinema e argumentista de BD, que, desde 2003, ia todos os domingos ao cinema com ele. O último filme que viram juntos foi Rede Social, de David Fincher, justamente, no domingo passado.

Filipe Melo transcrevia depois para o blogue Senhor do Adeus os comentários aos filmes que viam os dois.

João Manuel Serra morreu com 79 anos, dinheiro de família permitiu-lhe que durante toda a vida nunca precisasse de trabalhar. Vivia sozinho nos últimos anos e à noite vinha para a rua acenar às pessoas, «não precisam tanto de mim como eu preciso delas», dizia.

A história de João Manuel Serra levou à criação da rubrica semanal «A Rede», do canal Q, da responsabilidade das Produções Fictícias.

No cinema participou no filme «I`ll See You In My Dreams», projecto de Filipe Melo, e na televisão na série «Mundo Catita».

A figura do Senhor do Adeus esteve igualmente presente na banda desenhada, nas «Aventuras de dog Mendonça e pizzaboy», de Filipe Melo e Juan Cavia.

O Senhor do Adeus inspirou uma música do mais recente disco do fadista Marcos Rodrigues, «Tantas Lisboas», chamada «O Homem do Saldanha», com letra de Boss Ac, música de Tiago Machado e interpretada por Carlos do Carmo e Marco Rodrigues.



No Blogue, Filipe Melo escreveu hoje: «Todos os dias, o João dizia adeus às pessoas. Era assim que fazia as pessoas felizes e que as pessoas lhe retribuíam essa felicidade. Era um dos meus melhores amigos, e terei muitas saudades das nossas idas ao cinema e de o ver a sorrir e a trazer a todos os que o rodeavam. Como dizia o João: «Até sempre!»

Para a noite desta quinta-feira, está marcada uma homenagem ao Senhor do Adeus. às 22:00 horas, no Saldanha, em Lisboa, segundo notícia do i.
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