Reportagem: crianças que vivem em prisões - TVI

Reportagem: crianças que vivem em prisões

  • tvi24
  • Sandra Antunes
  • 26 mar 2010, 14:45

O exemplo do Estabelecimento Presional de Tires. Um trabalho de Sandra Antunes, com imagem de Braune Caetano e montagem de Pedro Guedes

Muitas crianças portuguesas não estão presas, Mas vivem como tal. São filhos de mães reclusas que durante algum tempo fazem de uma cela de um estabelecimento prisional a sua primeira casa. É na prisão que dão os primeiros passos e há mesmo casos de bebés que nasceram atrás das grades.

A um mês da entrada em vigor do novo código de execução de penas, em que as crianças poderão passar a viver nas prisões até aos cinco anos de idade, quando actualmente só é possível até aos três, a TVI foi até ao estabelecimento prisional de Tires saber como vivem estas crianças.

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«A criança precisa do meio livre, do exterior, enfim, da descoberta de todo o ambiente que está lá fora e a partir de determinada idade fica desperta para o mundo e precisa de outras vivências», reconhece Clara Manso Preto, directora da prisão de Tires.

A ajuda nunca é demais e o apoio das voluntárias é fundamental. A associação «Dar a mão» está diariamente presente na prisão de Tires. «Faz muita confusão elas estarem aqui metidas, apesar de também achar que é o melhor sítio porque estão ao pé das mães e têm umas condições óptimas de creche e de educadoras e de carinhos e afectos. Mas custa-me ver as crianças dentro de uma prisão sempre», diz a voluntária Roque de Pinho.



Mas nem sempre estão enclausuradas, dado que, pontualmente, fazem passeios ao exterior e a maioria das crianças passa os fins-de-semana e outros períodos fora dos portões, com o pai ou outros familiares.

A opção de viverem com os filhos na prisão é sempre das reclusas, independentemente do crime que cometeram. Em todo o país há no total 46 as crianças a viver nas celas com as mães. Um número que poderá aumentar nos próximos tempos.

A 12 de Abril deste ano entra em vigor o novo código de execução de penas. À luz da nova lei as crianças poderão passar a viver nas prisões até aos cinco anos de idade. E o que até agora era um direito apenas das mães estende-se também aos homens.

«Só acontecia em estabelecimentos de mulheres e agora vai também poder acontecer em estabelecimentos de homens, mas desde que haja condições terão de ser criadas essas situações que não existirem. As necessidades das crianças até aos 3 anos não são as mesmas até aos 5, portanto também temos de criar as condições para isso», frisa a directora Clara Manso Preto.
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