Mais de 23 mil assinaturas em petições contra e a favor do museu Salazar - TVI

Mais de 23 mil assinaturas em petições contra e a favor do museu Salazar

  • SL
  • 22 ago 2019, 18:59
Caso dos bens de Salazar doados à câmara resolvido em tribunal

De acorda com o município de Santa Comba Dão, “a primeira fase das obras de requalificação da Escola Cantina Salazar em Centro Interpretativo do Estado Novo vai avançar ainda no decorrer deste mês de agosto, prevendo-se que esteja concluída até ao final do ano”

Petições públicas eletrónicas contra e a favor da instalação de um museu Salazar, em Santa Comba Dão, já motivaram a assinatura de mais de 23 mil pessoas.

Há sete dias, um primeiro documento digital foi colocado na Internet, no site Petição Pública, tendo como subscritores o antigo líder sindical Carvalho da Silva, o analista político Pedro Adão e Silva, a escritora Maria Teresa Horta, o antigo reitor da Universidade de Lisboa José Barata Moura ou o cantor de intervenção Francisco Fanhais, entre outros. O total de assinaturas contra o museu vai agora em 15.121.

Todos se insurgiam no texto "Museu de Salazar, não!" e apoiavam uma outra carta aberta dirigida ao primeiro-ministro, António Costa, em 12 de agosto, na qual 204 ex-presos políticos exigem ação ao executivo do PS, além de expressar "o mais veemente repúdio" pela iniciativa anunciada pelo autarca socialista local.

Segundo esta petição, o projeto de Santa Comba Dão, "longe de visar esclarecer a população e sobretudo as jovens gerações", seria "um instrumento ao serviço do branqueamento do regime fascista (1926 - 1974) e um centro de romagem para os saudosistas do regime derrubado com o 25 de Abril".

Entretanto, há dois dias, uma outra petição foi criada e colocada em linha, desta feita "Museu Salazar, sim" porque "a memória histórica de um povo não pode ser apagada porque um minoria ruidosa assim o exige".

Neste texto dirigido à Assembleia da República, que também já conta com 8.162 aderentes, embora não estejam acessíveis os nomes, os subscritores dizem que não aceitam "que aqueles que evocam constantemente o valor da liberdade se revelem inimigos dessa mesma liberdade quando ela não vai de encontro aos seus interesses".

A Câmara de Santa Comba Dão, no distrito de Viseu, anunciou que pretende iniciar este mês a primeira fase de requalificação da Escola Cantina Salazar, com o objetivo de aí instalar o Centro Interpretativo do Estado Novo.

De acorda com o município, “a primeira fase das obras de requalificação da Escola Cantina Salazar em Centro Interpretativo do Estado Novo vai avançar ainda no decorrer deste mês de agosto, prevendo-se que esteja concluída até ao final do ano”.

O auto de consignação da empreitada, no valor de cerca de 150 mil euros, já foi assinado e agora “é altura de avançar com este projeto, cujas obras projetadas abrangem o exterior e uma parte do interior do antigo e icónico equipamento escolar”, explica a nota.

Este será um local para o estudo do Estado Novo e nunca um santuário para nacionalistas. O que vai ser dado a conhecer é um período de 50 anos da história do nosso país, que teve como figura chave Salazar”, garantiu o presidente da Câmara, Leonel Gouveia (PS).

O autarca acrescentou que, “de modo algum, se pretende contribuir para a sacramentalização ou diabolização da figura do estadista”, sendo o objetivo, “apenas e só, fazer um levantamento científico e histórico de um regime político, enquanto acontecimento factual”.

António Oliveira Salazar nasceu no Vimieiro, uma freguesia do concelho de Santa Comba Dão, mas a criação de um espaço dedicado àquele período da história portuguesa não tem sido pacífica ao longo dos anos.

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